29/11/2016 09h28 - Atualizado em 02/12/2016 13h50

Filho de Caio Júnior não embarcou porque esqueceu passaporte

Acidente com avião matou 71 pessoas na Colômbia, nesta terça-feira (29).
Caio Júnior nasceu em Cascavel (PR) e era o treinador da Chapecoense.

Alana FonsecaDo G1 PR

Matheus Saroli, filho do técnico paranaense Caio Júnior, relatou, na manhã desta terça-feira (29) em uma publicação no Facebook, que estava em São Paulo e que não embarcou no mesmo avião que o pai porque esqueceu o passaporte.

Matheus e os pais (Foto: Reprodução/Instagram)Matheus e os pais (Foto: Reprodução/Instagram)

Caio Júnior, que era o treinador da Chapecoense (SC), morreu no acidente com o avião que levava o time para a Colômbia, na madrugada desta terça-feira. Além dos jogadores e da comissão técnica do clube, jornalistas também estavam no voo.

Veja a GALERIA DE FOTOS do acidente.

Ao todo, 71 pessoas morreram na tragédia; seis pessoas sobreviventes: os jogadores Alan Ruschel e Hélio Zampier Neto; o goleiro Jackson Follmann; o jornalista Rafael Henzel; e os comissários de bordo Erwin Tumiri e Ximena Suarez.

O goleiro Danilo, natural de Cianorte, no noroeste do Paraná, também foi resgatado com vida. No entanto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Veja a LISTA DE PASSAGEIROS.

Na publicação, o filho de Caio Júnior disse ainda que a família está bem, que precisam de força e pediu um pouco de privacidade. "Somos fortes vamos passar por isso obigado a todos", escreveu.

Matheus Saroli disse, em postagem no Facebook, que não embarcou porque esqueceu o passaporte (Foto: Reprodução/Facebook)Matheus Saroli disse, em postagem no Facebook, que não embarcou porque esqueceu o passaporte (Foto: Reprodução/Facebook)

Caio Júnior
Caio Júnior era natural de Cascavel, no oeste paranaense, e tinha 51 anos.

Caio Junior (Foto: Thiago Pereira)Caio Júnior; época, treinador do Vitória
(Foto: Thiago Pereira/Arquivo pessoal)

No Paraná, ele acumulou passagens como jogador no Paraná Clube e no Iraty. Ainda no estado, Caio Júnior despontou no cenário nacional como treinador: sob seus comandos, em 2005, o Cianorte surpreendeu o Corinthians e venceu o primeiro jogo da segunda fase por 3x0.

Caio Júnior também comandou o Paraná Clube, Gama, Londrina, Palmeiras, Goiás, Flamengo, Vissel Kobe (Japão), Al Gharafa (Catar), Botafogo, Grêmio, Al Jazira (Emirados Árabes), Bahia, Vitória, Criciúma e Al Shabab (Emirados Árabes).

A Chape foi o 17º clube do treinador, que era casado e tinha dois filhos jovens. Formado em jornalismo, Caio Júnior também chegou a trabalhar como comentarista esportivo de TV e de rádio em Curitiba; ele também atuou como supervisor de futebol do Coritiba.

Nesta terça-feira, o Atlético-PR e o Coritiba divulgaram notas oficiais em solidariedade ao clube catarinense e decretaram luto de três dias a uma semana. O governador Beto Richa (PSDB) e a Prefeitura de Curitiba também lamentaram a tradédia.

Prédio onde mora a família de Caio Jr. em Curitiba (Foto: Dulcineia Novaes/ RPC Curitiba)Prédio onde mora a família de Caio Júnior em Curitiba (Foto: Dulcineia Novaes/RPC)

O acidente
A equipe da Chapecoense embarcaria para Medellín, na Colômbia, na segunda-feira (28), em um voo fretado partindo do aeroporto de Guarulhos. Porém, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) vetou o fretamento e o planejamento foi alterado, de acordo com o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon. 

A Chapecoense foi, então, com voo de carreira da companhia boliviana BoA até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. De lá, pegou o avião fretado da boliviana LaMia, que sairia originalmente do aeroporto de Cumbica e que acabou sofrendo o acidente na madrugada desta terça-feira.

A lista de passageiros oficial diz que havia 81 pessoas a bordo: 72 passageiros e nove tripulantes. No entanto, quatro dos nomes citados não embarcaram.

 

Segundo a imprensa local, a aeronave com o time catarinense perdeu contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília) e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.

Os jogadores da equipe de Santa Catarina que estavam no avião eram: os goleiros Danilo e Follmann; os laterais Gimenez, Dener, Alan Ruschel e Caramelo; os zagueiros Marcelo, Filipe Machado, Thiego e Neto; os volantes Josimar, Gil, Sérgio Manoel e Matheus Biteco; os meias Cleber Santana e Arthur Maia; e os atacantes Kempes, Ananias, Lucas Gomes, Tiaguinho, Bruno Rangel e Canela.

O Comitê de Operação de Emergência (COE) e a gerência do aeroporto informaram que a aeronave se declarou em emergência por falha técnica às 22h (local) entre as cidades de Ceja e La Unión.

Anteriormente, a imprensa colombiana informou possível falta de combustível como causa do acidente. No entanto, a mídia local informou que o piloto despejou combustível após perceber que o avião iria cair.

Segundo a rede de TV Caracol, da Colômbia, a aeronave sumiu do radar entre La Ceja e Abejorral.

Uma operação de emergência foi ativada para atender ao acidente. A Força Aérea Colombiana dispôs helicópteros para ajudar em trabalhos de resgate, mas missões de voos foram abortadas nesta madrugada por causa das condições climáticas. Choveu muito na região na noite de segunda, o que reduziu muito a visibilidade.

Equipes chegaram ao local do acidente por terra, mas o acesso à região montanhosa é difícil e a remoção é lenta.

Ferido em queda de avião da Chapecoense, jogador Alan Luciano Ruschel é atendido em hospital na Colômbia (Foto: Guillermo Ossa/Reuters)Ferido em queda de avião da Chapecoense, jogador Alan Luciano Ruschel é atendido em hospital na Colômbia (Foto: Guillermo Ossa/Reuters)

Final de campeonato
O time da Chapecoense embarcou para a Colômbia na noite de segunda, para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, na quarta (30). Inicialmente, a delegação embarcou em um voo comercial de São Paulo até a Bolívia. Lá, o grupo pegou um voo da LaMia.

Em comunicado, o clube de Santa Catarina informou que espera pronunciamento oficial da autoridade aérea colombiana sobre o acidente.

Em seu perfil no Twitter, o Atlético Nacional lamentou o acidente e prestou solidariedade à Chapecoense: "Nacional lamenta profundamente e se solidariza com @chapecoensereal pelo acidente ocorrido e espera informação das autoridades".

O primeiro jogo da decisão, marcado para esta quarta-feira (30), foi cancelado, segundo a  Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).

O Itamaraty, pelo telefone, informou que a embaixada do Brasil em Bogotá está em contato com as autoridades colombianas para obter informações sobre o acidente. A assessoria informou que as notícias ainda chegam desencontradas.

O Ministério das Relações Exteriores vai esperar um posicionamento oficial sobre vítimas e circunstâncias do acidente para se pronunciar. Está previsto que divulguem uma nota oficial ainda agora de manhã. O embaixador em Bogotá se chama Julio Bitelli.

Equipe de resgate trabalha entre os escombros do avião da LaMia de prefixo CP-2933 que caiu com 81 pessoas a bordo na região de Antioquia, na Colômbia (Foto: Reprodução/Twitter/Departamento de Antioquia)Equipe de resgate trabalha entre os escombros do avião da LaMia de prefixo CP-2933 que caiu com 81 pessoas a bordo na região de Antioquia, na Colômbia (Foto: Reprodução/Twitter/Departamento de Antioquia)

A companhia
A LaMia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación) é uma companhia de aviação que foi inicialmente constituída na Venezuela no ano de 2009 e depois mudou sua sede para a Bolívia (Santa Cruz de la Sierra).

A empresa vem sendo desenvolvida para voos não regulares (charter), com o objetivo de permitir o desenvolvimento de atividades no país e no exterior, com aeronaves de grande porte - de passageiros e de carga.

O avião da LaMia prefixo CP-2933 que caiu com a delegação da Chapecoense, modelo Avro RJ85, é visto em foto de arquivo de setembro de 2015 em Norwich, na Inglaterra (Foto: Matt Varley/Reuters)O avião da LaMia prefixo CP-2933 que caiu com a delegação da Chapecoense, modelo Avro RJ85, é visto em foto de arquivo de setembro de 2015 em Norwich, na Inglaterra (Foto: Matt Varley/Reuters)
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