Política Lava-Jato

'Quem faz política é o senador', diz presidente de associação de procuradores sobre críticas de Renan

José Robalinho, da ANPR, afirma que presidente do Senado repete ‘ladainha’ do PT
O o presidente da ANPR, José Robalinho Foto: Divulgação / ANPR
O o presidente da ANPR, José Robalinho Foto: Divulgação / ANPR

BRASÍLIA — O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, fez uma defesa das ações da Operação Lava-Jato e rebateu as críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que acusou o Ministério Público de fazer política, após ter sido alvo de denúncia de Janot. “Quem faz política é o senador”. Sobre críticas de outros setores do PMDB depois da revelação do teor da delação do ex-diretor da Odebrecht, Robalinho disse se tratar da mesma “ladainha” do PT, quando Dilma Rousseff estava na Presidência.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que o Ministério Público Federal está agindo de forma política. Qual a sua opinião?

Quem está fazendo política é o senador. Não há nenhuma evidência que o vazamento (da delação de Cláudio Filho, da Odebrecht) partiu do Ministério Público. E não partiu. O vazamento prejudica acima de tudo as investigações. O Ministério Público é o principal atingido. Com todo respeito, é uma declaração vazia de alguém que foi denunciado e que está sob investigação.

A delação de Cláudio Melo Filho atingiu em cheio o presidente Michel Temer e o governo dele. Aliados do Planalto falam em perseguição...

É a mesma ladainha de quando o PT estava no poder. Não houve razão naquela época e nem agora. O trabalho é técnico. E vai em frente sem olhar para quem. E nem persegue a quem quer que seja. A Lava-Jato tem se desenrolado à luz do público, quando é possível. Quantas pessoas ligadas ao PMDB já foram citadas? Essas notícias apenas acrescentam coisas que já vinham no curso da apuração, inclusive com o presidente Temer. E vão prosseguir.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), outro investigado, também fez críticas ao MP. Ele e Renan ameaçaram voltar com o projeto que pune abuso de autoridade.

Espero que tenha sido apenas um desabafo dele. Sabemos que a atual lei é antiga e que precisa ser discutida, mas não como uma retaliação ou como combate às investigações. É natural essa reação política. A investigação é suprapartidária. Esse fenômeno aconteceu na Itália. O sistema político tende a reagir contra uma investigação desse grau.

Há prazo para a Operação Lava-Jato acabar?

Tinha-se a ideia de que a Lava-Jato iria acabar no final deste ano. Sempre repeti que não era viável. Cada operação coleta mais informações, que podem levar a novas investigações. Impossível dizer se dura mais três meses ou três anos.