Edição do dia 09/10/2016

09/10/2016 08h55 - Atualizado em 09/10/2016 09h36

Seca preocupa artesãos que trabalham com o capim dourado

No TO, é época de colher o capim dourado, usado para fazer acessórios de moda e artigos de decoração. Mas a estiagem pode atrapalhar a produção.

Maykon PaivaMateiros, TO

No Tocantins, é época de colher o capim dourado, usado para fazer acessórios de moda e artigos de decoração. Este ano, a seca está preocupando os artesãos.

É no meio das veredas do Jalapão, no povoado Mumbuca, região leste do Tocantins que fica o capim dourado, também conhecido pelas mulheres quilombolas como o fio de ouro que brota da terra, por causa da cor brilhosa. Mas nesta safra, a produção não brilhou tanto - está cerca de 20% menor comparada ao ano passado. A expectativa neste ano é de colher no máximo 15 kg de capim durante a temporada. Os dados são da Associação dos Artesãos e Extrativistas do Jalapão. A estiagem e o fogo castigaram as áreas onde a planta nasce.

 

Um outro problema nessa safra é que o capim dourado que apareceu não teve um bom desenvolvimento, o que prejudicou ainda mais os artesãos. "Nós nunca vivemos um momento de escassez do capim dourado, nós sempre tivemos capim dourado", afirma a agricultora Ana Claudia Mattos.

A colheita do capim dourado, cuja extração reúne 800 artesãos cadastrados, só pode ser feita uma vez por ano - uma forma de tentar evitar a extinção. A matéria-prima não pode sair in natura do estado, apenas em peças que são confeccionadas e vendidas para todo o Brasil e também para o exterior.

Dona Maria Domingas da Silva corta com cuidado o capim que vai se transformar em um colar, uma das 100 peças vendidas todos os meses pela Associação dos Artesãos. Os preços variam de R$ 5 a R$ 80. Para dona Maria, essa é a principal fonte de renda. Ela conta que este ano o lucro do artesão está ficando menor. "A gente tá passando por uma fase  difícil. Pra se manter, né? A procura continua, mas ela tá bem mais tímida”, lamenta.

A extração do capim dourado vai de setembro até novembro e é regulamentada pelo Instituto de Natureza de Tocantins que administra o Parque Estadual do Jalapão.

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