Economia

Venda de automóveis só deve voltar ao patamar recorde em 2025

Serviços como planos de saúde também devem demorar a reagir

Concessionárias fechadas devido à crise
Foto: Rafaella Barros / Rafaella Barros/18-12-2015
Concessionárias fechadas devido à crise Foto: Rafaella Barros / Rafaella Barros/18-12-2015

SÃO PAULO - No processo de retomada gradual esperado para o consumo, o setor que deve se recuperar mais lentamente é o de veículos. A expectativa é que, apenas em 2025, as vendas de carros e comerciais leves retornem aos números recorde de 2012, quando foram comercializadas 3,634 milhões de unidades no país. Mesmo itens considerados indispensáveis, como planos de saúde, também levarão ainda um bom tempo para responder aos estímulos econômicos.

— No caso de veículos, o mercado de 3,6 milhões de unidades volta apenas em 2025, com sorte. Os juros estão altos, o carro ficou mais caro e o prazo de financiamento, menor. Ao mesmo tempo, a renda não subiu ou teve queda real. Isso deixou a prestação do carro novo cara — explica Raphael Galante, consultor da Oikonomia, especializada na análise do setor automobilístico.

Ele acredita que, após quatro anos de queda, em 2017 será possível ver alguma estabilidade ou um tímido crescimento, uma vez que o desemprego seguirá em alta ainda no primeiro semestre do ano. Um aquecimento mais consistente será visto a partir de 2018, mas ainda distante do necessário para se vender mais de 3,6 milhões de veículos. Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) ainda não fechou uma projeção para o próximo ano, mas a expectativa é de crescimento de um dígito já em 2017.

Um pouco menos lento será o desempenho do segmento de planos de saúde. Na avaliação da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), 2017 será de estabilidade no número de beneficiários, e o crescimento volta em 2018. Voltar para os 50,5 milhões de pessoas com planos de saúde, número recorde registrado em 2014, porém, só será possível apenas em 2020.

EFEITO EM ITENS BÁSICOS

— A variação do emprego afeta bastante o setor porque os planos empresariais respondem por 80% do total. Sendo conservador, só alcançamos os 50,5 milhões de beneficiários em 2020. Entre 2015 e 2016 perdemos mais de 2 milhões de beneficiários — explicou Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo da Abramge.

E a compra de menos bens afetou o uso até de serviços básicos. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que o consumo de energia residencial atingiu 132.302 gigawatts/hora (GWh) em 2014. O ano seguinte, em que a revisão tarifária fez a conta de luz ter uma alta expressiva, foi de queda e, neste ano, até setembro, está em 99.454 GWh, uma leve alta de 1,8%, mas sobre uma base já deprimida.

Outro serviço básico em que a queda foi significativa foi o acesso aos celulares. A Agência Nacional de Telecomunicações contabilizou, em 2014, 280,7 milhões de linhas de acesso móvel. Neste ano, em setembro, o número era de 251 milhões. Mas neste caso, além da crise, o uso de aplicativos de troca de mensagens, como WhatsApp, reduziu a necessidade dos consumidores de utilizar linhas de diferentes operadoras.