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Estádio da Ilha foi opção Fla para fugir do "limbo" do Maracanã, diz colunista

Rodrigo Capelo, da "Época", afirma que governo do estado tem tratado o maior
palco do Rio com descaso e lembra problemas com o atual consórcio

Por Rio de Janeiro

 

O Flamengo acertou nesta segunda-feira, com a Portuguesa-RJ, o uso do Estádio Luso-Brasileiro a partir de janeiro de 2017. O acordo é uma maneira de escapar do impasse administrativo do Maracanã, segundo o colunista Rodrigo Capelo, da revista "Época". De acordo com o jornalista, foi uma maneira de o Rubro-Negro assegurar uma casa no Rio de Janeiro, mesmo não sendo o local ideal para grandes duelos.

- Esse acordo do Flamengo tem tudo a ver com o Maracanã. O estádio da Ilha pode ter até 20 mil lugares de capacidade, vai servir para o Flamengo nesse período de Campeonato Carioca. Para jogos muito grandes, é um estádio muito difícil de utilizar. Mas calça o Flamengo para o ano que vem. O Maracanã está em um limbo administrativo. Ele foi cedido ao Comitê Organizador da Olimpíada. O comitê devolveu ao governo do estado, que tentou devolver ao consórcio. Mas o consórcio se recusa a assumir o Maracanã de volta. Diz que existem contas não pagas, danos que precisam ser reparados. A empreiteira não quer assumir o Maracanã de volta, o estádio está sem pai. Não há ninguém cuidando do Maracanã. Para poder jogar, Flamengo e Fluminense tiveram que fazer reparos que eles não deveriam ter pagado - disse o jornalista.

Arena Botafogo sub-20  (Foto: Pedro Venancio)O Botafogo manda seus jogos no estádio Luso-Brasileiro, que passará ao Flamengo (Foto: Pedro Venancio)

Rodrigo Capelo afirmou ainda que houve descaso do governo do estado do Rio de Janeiro com o Maracanã. O jornalista lembrou que o estádio ficou oito meses emprestado ao Comitê Rio 2016, para a Olimpíada, e disse que nada foi resolvido durante esse período.

- O Maracanã tem dois cenários. O primeiro é o atual consórcio vender a concessão para outra empresa. O segundo cenário, que o Flamengo quer, é haver uma nova licitação, que permita que os clubes participem. O estádio ficou cedido à Olimpíada por oito meses, e o governo do Rio de Janeiro não resolveu a questão. Teve muito tempo para lidar com o Maracanã. Lidou com absoluto descaso com o estádio, um estádio público de mais de R$ 1 bilhão. Ficou esperando os oito meses da Olimpíada e não decidiu para qual dos dois cenários ia seguir. Agora, quanto mais tempo passa, pior fica a situação. Alguém precisa fazer manutenção. Se o consórcio não voltou, se o estado não está lá, quem vai fazer segurança, limpeza? É uma situação deplorável.

O editor de esportes de "O Globo", Márvio dos Anjos, afirmou que o Maracanã se tornou um "elefante branco" com tantos problemas administrativos.

- É impressionante, você tem um estádio que funciona desde 1950 e, de uma hora para outra, ele se transforma em um elefante branco. A gente imaginava que isso pudesse acontecer com o estádio de Manaus, de Cuiabá. Ninguém imaginava uma situação em que o Maracanã  poderia não ter uso.

Apesar dos problemas entre estado e concessionária, o Flamengo volta ao Maracanã neste domingo, para enfrentar o Santos.

Gramado do Maracanã em perfeitas condições para Flamengo x Corinthians (Foto: Felippe Costa/Globoesporte.com)Flamengo fez seu primeiro jogo no Maracanã em 2016 contra o Corithians (Foto: Felippe Costa/Globoesporte.com)