29/11/2016 16h30 - Atualizado em 29/11/2016 16h30

Narrador cedeu lugar no voo a colega que sonhava cobrir final da Chape

Ivan Carlos Agnoletto está na lista de passageiros, mas não embarcou.
Avião com time da Chapecoense caiu e deixou mais de 70 mortos.

Do G1 SC

Cleberson Silva, assessor que estava no voo, e Ivan Carlos, narrador que desistiu da viagem (Foto: Rádio Condá/Divulgação)Cleberson Silva, assessor que estava no voo, e Ivan Carlos, narrador que desistiu da viagem (Foto: Rádio Condá/Divulgação)

“A dor é muito grande, não cheguei a pensar sobre isso, se Deus teria me salvado”, diz Ivan Carlos Agnoletto. O jornalista é uma das quatro pessoas que estão na lista oficial de passageiros do avião com os jogadores da Chapecoense, que sofreu acidente na Colômbia na madrugada desta terça-feira (29) e que não embarcaram.

“Eu estava escalado para o jogo, mas meu colega tinha esse desejo de fazer uma final internacional. Quando falei para o Gelson Galiotto que ele ia, nem acreditou: ‘Sério ? Eu vou mesmo?’ Era o sonho dele”, diz Ivan Agnoletto.

 

Ele e Gelson Galiotto, de 36 anos, são narradores da rádio Super Condá, de Chapecó. Ivan também é coordenador da equipe esportiva da rádio. Além de Gelson, Edson Ebeliny, 39 anos,  repórter setorista da Chapecoense pela Super Condá, também embarcou. “Falei para tirar meu nome e colocar o dele (Gelson); deixaram meu nome na lista. O Edson Picolé ia comigo e no fim foi com o Gelson”, conta Ivan.

Ele, Gelson e Edson estavam em São Paulo, onde cobriram o jogo da Chapecoense e Palmeiras no domingo. “Eles [Gelson e Edson] ficaram para ir para a final da Sul-Americana. Desejei boa viagem e voltei para Chapecó”, detalha Ivan.

Sono interrompido pela notícia
Ivan soube da queda do avião por volta da 1h30 da madrugada desta terça. “O pessoal começou a ligar para meu celular e minha mulher atendeu. Então começaram a desejar pêsames e oferecer apoio a minha esposa, como se eu estivesse morto. Fui aos canais e soube que o avião havia caído”, diz o jornalista. Segundo ele, mais tarde souberam da confirmação do nome dos sobreviventes.

Da esquerda para a direita, Eduardo Luiz Preuss, o Cadu, da comissão técnica; Edson Picolé (de boné) e Gelson Galiotto, narrador: todos estavam no voo (Foto: Rádio Condá/Divulgação)Da esquerda para a direita, Eduardo Luiz Preuss, o Cadu, da comissão técnica; Edson Picolé (de boné) e Gelson Galiotto, narrador: todos estavam no voo (Foto: Rádio Condá/Divulgação)

Além dos amigos de profissão, Ivan tinha contato com toda equipe da Chapecoense. “Vou completar mil narrações de jogos oficiais da Chapecoense. Tenho 56 anos e nunca vivi nada parecido. O Gelson e o Edson estavam há 15 anos na rádio, eram como filhos da gente”.

O acidente
O avião que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, caiu na madrugada desta terça-feira (29). Segundo autoridades colombianas, há mais de 70 mortos e seis sobreviventes.

Segundo comunicado da Aeronáutica Civil Colombiana, os seis sobreviventes são os jogadores Alan Ruschel, Neto e Follmann, o jornalista Rafael Henzel, o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suarez.

O goleiro Danilo também tinha sido resgatado com vida, mas morreu no hospital.

Arte local do acidente com avião que transportava a equipe da Chapecoense. (Foto: Editoria de Arte/G1)Arte local do acidente com avião que transportava a equipe da Chapecoense. (Foto: Editoria de Arte/G1)

 

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