A denúncia da CBF sobre o uso de documentos falsos no pedido do Inter para reabrir o caso Victor Ramos caiu como uma bomba no Beira-Rio. Poucas horas após o envio do ofício da entidade ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para que apure o caso, o clube convocou seu departamento jurídico para dar esclarecimentos na noite desta sexta-feira. E além de negar qualquer adulteração, garantiu a autenticidade dos e-mails sob suspeita.
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Nesta sexta-feira, a CBF enviou ao STJD um ofício no qual afirma que os e-mails
que vazaram nesta semana com uma suposta conversa entre diretor de
Registro e Transferência da CBF, Reynaldo Buzzoni, e dirigentes do Vitória, foram adulterados. As mensagens eletrônicas foram utilizadas pelo Inter para tentar
reabrir o processo sobre inscrição irregular do zagueiro e, com isso,
tirar pontos do time baiano e evitar o rebaixamento.
– Tenho que discutir no processo,
mas entendo que, neste momento, depois de tudo que se disse hoje, a
consequência desta nota, deste posicionamento da CBF, a consequência objetiva é que se coloca em xeque
se o Inter tomou a atitude de má-fé. E quanto a isso quero deixar
muito claro: o Internacional defende a autenticidade dos documentos com a
maior tranquilidade. Foram provenientes de fonte absolutamente
fidedigna e envolvida na transferência do atleta – afirmou um dos
advogado do clube, Daniel Cravo.
Há também uma solicitação da CBF para que a denúncia seja encaminhada ao Ministério Público do Rio de Janeiro para que seja apurada a possível ocorrência de crime. Sobre essa possibilidade, os advogados colorados garantiram que vão usar de todos os meios possíveis para provar a autenticidade dos documentos encaminhados por eles ao STJD.
– O Inter está à disposição para colaborar na apreciação deste assunto. Se isso desbordar para uma questão penal, criminal, primeiro na polícia, o Inter vai usar todas as ferramentas ao seu alcance, como perícia, prova testemunhal, inclusive da fonte que nos trouxe o documento. A manifestação da CBF é muito sucinta, não sei o que está sendo sugerido. Que teria se adulterado a ordem das mensagens? Composto o documento? Não fica claro. Como nenhuma arquitetura deste naipe foi feito, estamos tranquilos – explicou Cravo.
Divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a suposta troca de e-mails entre o clube baiano e Reynaldo Buzzoni indicava que a entidade teria orientado o Vitória a adotar procedimentos de transferência internacional para a inscrição do zagueiro, que pertence ao Monterrey, do México, e estava emprestado ao Palmeiras antes de se transferir para o Vitória em fevereiro.
Como a inscrição de Victor Ramos se deu pelos trâmites nacionais, o Inter entende que o jogador está irregular e ingressou com um pedido no STJD na tentativa de tirar pontos do time baiano para escapar do rebaixamento. Na 17ª colocação na tabela do Brasileirão, o clube gaúcho soma 42 pontos – três a menos do que o Vitória –, a uma rodada do fim da competição.
Na noite de quinta-feira, o STJD decidiu arquivar o pedido feito pelo Inter para reabrir o caso, que já havia sido analisado após reclamações do Flamengo-BA e do Bahia. No entanto, o clube gaúcho promete seguir na luta para reverter o episódio e comprovar a suposta irregularidade do zagueiro. Rogério Pastl, advogado do clube, vê tratamento diferenciado da Procuradoria do STJD em relação ao pedido do clube, que não é considerado "simpático".
– O que nos causa estranheza é que quarta-feira vai a julgamento alguns recursos no STJD, um deles uma notícia de infração contra ex-treinador nosso que a procuradoria resolveu instaurar porque o Celso Roth disse que a arbitragem do Gre-Nal tinha sido papelão. Nessa situação, inócua, sem repercussão, a Procuradoria foi super diligente. No caso do Victor Ramos, a Procuradora sequer nos dá oportunidade de ação, de ir a juízo para que seja analisado no mérito se é infração disciplinar ou não. Com todos os elementos que temos. O que parece para nós no mínimo um tratamento que não é isonômico. Todo mundo no Brasil sabe que ele está irregular. E isso não justifica a denúncia? – questiona o advogado colorado.
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