A saída de cena do compositor mineiro Darci Rossi (1947 – 2017), no ano em que o artista festeja 70 anos de vida, talvez somente seja corretamente dimensionada (e lamentada) pelo universo sertanejo. Bastaria a composição de Fio de cabelo – parceria de Rossi com Marciano gravada pela dupla Chitãozinho & Xororó em 1982 com retumbante sucesso nacional – para Rossi ter lugar na história da música sertaneja. Afinal, o sucesso popular da guarânia fez a dupla paranaense vender mais de 1,5 milhão de cópias do álbum Somos apaixonados (1982) e extrapolou os nichos sertanejos. Contudo, a obra de Rossi – propagada sobretudo pelas vozes anasaladas de Chitãozinho & Xororó – é bem mais ampla. A própria canção-título desse disco de 1982, Somos apaixonados, é parceria de Rossi com Chitãozinho.


Nascido na cidade de Guaxupé (MG), situada ao Sul de Minas Gerais, Darci Rossi foi criado na cidade paulista de São Caetano do Sul (SP), mas, desde 1998, decidiu fixar residência em Valinhos (SP), cidade onde saiu de cena na última sexta-feira, 20 de janeiro de 2017, vítima de infecção pulmonar. A morte do compositor, que tentou em vão se lançar como cantor em 1985 com a edição do álbum Darci Rossi pela extinta gravadora Copacabana, entristeceu duplas e cantores que militaram no universo sertanejo na década de 1980.


Também impulsionada por gravações da dupla João Mineiro & Marciano, a carreira do compositor talvez nem tivesse dado certo se o caminho de Rossi não tivesse se cruzado com o de Chitãozinho & Xororó na segunda metade dos anos 1970. Rossi era gerente de uma loja de carros visitada pelos irmãos paranaenses para buscar financiamento para a compra de um veículo. Surgiu ali uma conexão afinada entre o nascente compositor e uma dupla que ainda buscava consolidar a carreira fonográfica. Na escalada da dupla, a gravação do chamané 60 dias apaixonados, parceria de Rossi com Constantino Mendes, foi passo decisivo. A música batizou o álbum lançado por Chitãozinho & Xororó em 1979 e fez sucesso, sedimentando a trajetória da emergente dupla e abrindo as portas do mercado sertanejo para o compositor iniciante.


Chitãozinho & Xororó, desde então, sempre gravaram músicas de Rossi, sobretudo nos anos 1980. A dupla João Mineiro & Marciano foi atrás, beneficiada pelo fato de Marciano ser um dos parceiros preferenciais de Rossi. As paredes azuis – parceria de Rossi com Marciano lançada pela dupla em 1984 no álbum Amor e amizade (Dia sim, dia não) – foi outra composição da obra de Rossi com Marciano que transcendeu o tempo no universo sertanejo.


Ao todo, o compositor deixou mais de 400 músicas também gravadas por duplas como Alan & Aladin, Bruno & Marrone e Sandy & Junior. Algumas dessas músicas viraram clássicos sertanejos que atravessaram gerações, ganharam regravações e, sim, imortalizaram o nome do compositor mineiro Darci Rossi na história da música popular do Brasil.


(Crédito da foto: reprodução parcial de capa de disco)