Edição do dia 04/01/2017

04/01/2017 20h49 - Atualizado em 04/01/2017 20h49

Fiocruz mostra evolução do Aedes aegypti do ovo ao mosquito

Em imagens inéditas, é possível ver a rápida reprodução.
Segundo especialistas, Rio pode ter epidemia de chikungunya em 2017.

O inimigo número um da saúde pública no Brasil neste verão. Um vídeo da Fundação Oswaldo Cruz mostra como se desenvolve o Aedes aegypti - o mosquito transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus da zika. Quanto mais calor, mais rápido ele se multiplica.

Olhando uma cidade como o Rio do alto, a gente fica pensando: quantos focos de Aedes aegypti podem existir lá em baixo?

Difícil ver o ovo do mosquito que têm o tamanho de um grão de areia.

Repórter: Dr. Rafael, isso aqui não é uma sujeirinha?
Rafael Freitas, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz: Não. Isso são milhares e milhares de ovos. Então a gente pode fazer uma estimativa de que cada fita dessa tem mais ou menos de oito a dez mil ovos. Essa fita é capaz de povoar de mosquitos um bairro inteiro do Rio de Janeiro, por exemplo.

Agora, impressionante mesmo são as imagens do ciclo de vida do Aedes aegypti, gravadas pela Fundação Oswaldo Cruz.

Os ovos do mosquito aguentam até um ano num lugar seco, sem água. “Quando a água encontra o ovo, o ovo eclode. E basta que a água fique em contato com o ovo por cerca de dez minutos”, explica o pesquisador.

O vídeo mostra a larva na água limpa e parada. “A larva de mosquito come qualquer coisa. Folha, bactéria, resto de terra, resto de outros animais, inclusive outras larvas”, diz Rafael.

Quatro dias e a larva se transforma em pupa. “A pupa já é bastante diferente. A pupa é o estágio do mosquito onde há a metamorfose da larva aquática para o adulto com asas. Então a pupa não se alimenta. Tem vários estudos que mostram que depois que a larva alcança a fase de pupa, dificilmente ela morre”, aponta o pesquisador.

A imagem mostra o Aedes aegypti saindo da casca, com as asas ainda dobradas. “Então o mosquito sai, já se equilibrando, ainda com as partes bastante moles do corpo, ele vai se equilibrando, mas consegue pousar em cima da água e poucos segundos depois já toma voo e a partir daí já pode iniciar seu voo, iniciar a procura por uma pessoa para se alimentar”, explica.

Pronto para transmitir dengue, zika e chikungunya.

O que as imagens mostram pode acontecer dentro da sua casa, nas nossas casas. Por isso, a gente não pode descuidar desse tal de Aedes aegypti nem um segundo. O jardim bonito, tudo limpo, tudo arrumadinho. Mas, o perigo: planta com pratinho. E tem água no pratinho. Não pode. Quer ter planta em casa, esquece pratinho. Pratinho nunca!


Não é difícil evitar os criadouros do mosquito. A gente tem que se livrar de qualquer coisa que acumule água.

No Rio a preocupação é muito grande. Os especialistas dizem que podemos enfrentar uma epidemia de chikungunya em 2017.

“Esse vírus chegou no Rio de Janeiro no final do verão passado. Então, de fato, um número reduzido de pessoas foi infectado pelo chikungunya no último verão. De modo que hoje, no verão de 2017, temos ainda uma grande quantidade de pessoas que nunca teve contato com o chikungunya e, portanto, podem vir a se infectar por ele”, alerta o pesquisador.