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Grafite detalha problemas do Santa: "Tive que comprar café da manhã"

Ídolo tricolor confessa que pretendia continuar e encerrar a carreira no Arruda, mas circunstâncias adversas dentro do clube o fizeram repensar a decisão

Por Recife

 


O segundo semestre de 2016 do Santa Cruz é algo que ainda gera muita discussão. Sobre os primeiros seis meses, não há o que reclamar. Mas, segundo Grafite, que teve papel fundamental nas conquistas da equipe, os títulos do Pernambucano, da Copa do Nordeste e o bom início na Série A mascararam algo muito maior dentro do clube.

- O Santa Cruz subiu para a Série A no fim de novembro de 2015 e nós sabíamos que haveria muitos jogos no Sul do país, na época do frio. Chegou em maio, nós íamos jogar em Chapecó e não tínhamos casaco para viajar. Deram um jeito de última hora com o Milton (Mendes, então treinador). O Milton brigava para que a gente tivesse condições melhores, planejamento melhor. Não adianta o clube chegar na Série A e não se preparar para a Série A. – Disse Grafite.

Grafite Santa Cruz (Foto: Reprodução)Grafite diz que pretendia seguir no Santa (Foto: Reprodução)

Principal tema e que ainda não foi resolvido, os salários atrasados afetavam ainda mais os funcionários, que chegaram a ficar sete meses sem receber. Grafite – que, junto com os outros jogadores, também sofreu com atrasos - era um dos atletas que ajudavam quem o procurava. No entanto,ele também sofria com a ausência de outros serviços que o clube deveria prestar.

- A gente ajudava algumas pessoas com uma cesta aqui, uma feira ali, um gás. Mas é complicado, nós também somos funcionários do clube. A gente depende de chegar lá e ter uma estrutura de uma cozinha, de uma lavanderia... Teve dia que a cozinha estava fechada e a gente comprou o café para ter o treino de manhã. Teve dia de a lavanderia parar e não ter roupa para treinar, a roupa estar suja. Foi uma série de fatores que contribuíram.

A falta de planejamento cai na conta da direção. Segundo Grafite, o clube não tem culpa pelo que algumas pessoas que o gerem fazem, mas se mostra triste com toda a situação que o Tricolor está passando, e cita o presidente Alírio Morais como um dos que tentam fazer que as coisas deem certo.

- Eu não posso julgar o clube pelo que as pessoas que o dirigem fazem lá. Ele é dirigido por pessoas e vai de acordo com o que aquelas pessoas querem fazer. Infelizmente, as pessoas que gostam do clube, como no meu caso, no caso do presidente Alírio (Morais, presidente) e do torcedor, é que sofrem com esse momento. Claro que, se os resultados tivessem aparecido, o Santa não teria caído para a Série B. Só que o que acontece dentro de campo reflete o que vem de fora. Faltou um certo planejamento - disse o jogador, sem detalhar os nomes dos dirigentes que criticou.

Grafite Santa Cruz (Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press)Grafite relata problemas internos do Santa Cruz (Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press)

Triste pela saída, o vice artilheiro da Série A afirma que trocaria os títulos de 2016 pela permanência na primeira divisão. A saída do Arruda também foi difícil, entretanto, apesar das circunstâncias adversas, o ídolo não fechou as portas e admitiu a possibilidade de voltar e ajudar o clube um dia. Mas administrativamente.

- Pesou muito essa saída, não foi fácil essa decisão. Eu tinha o projeto de permanecer e encerrar por aqui. Mas as circunstâncias pesaram. Tudo que aconteceu lá, não só o fato de ter sido rebaixado, mas tudo que aconteceu em volta. Eu trocaria o título do Pernambucano e da Copa do Nordeste pela permanência na Série A. Eu via as coisas erradas que aconteciam e acontecem e falei que não adianta ficar dando a cara a tapa. Ficar para o ano que vem e não ter um time para jogar. É melhor eu seguir meu caminho. Amanhã ou depois, quem sabe, eu não possa voltar e ajudar o Santa Cruz numa parte administrativa.

Procurando pela reportagem do GloboEsporte.com, para comentar as declarações do atacante Grafite, o presidente Alírio Morais respondeu, via mensagem de texto, que não estava em condições de responder a reportagem.