Rio

Futuro secretário de Ordem Pública diz que mudará a imagem da cidade em um ano

Conhecido por ser linha dura, novo secretário pretende comprar folgas de PMs e guardas municipais com o objetivo de aumentar a repressão
Paulo César Amêndola, caminha em Copacabana, ao lado de camelôs: ele quer pôr fim à desordem urbana Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Paulo César Amêndola, caminha em Copacabana, ao lado de camelôs: ele quer pôr fim à desordem urbana Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO - Sob o sol de verão da última quinta-feira, ao meio-dia, num dos cruzamentos mais movimentados de Copacabana — na Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Figueiredo Magalhães —, o futuro Secretário municipal de Ordem Pública (Seop), coronel Paulo César Amêndola, de 72 anos, já tomava pé dos problemas que enfrentará durante a sua gestão. Numa espécie de “levantamento do terreno”, no jargão militar, ele presenciou casos de desordem urbana, como o vaivém de camelôs pela calçada e a falta de educação de motoristas parados sobre faixas de pedestres, que serão duramente combatidos. Com a promessa de mudar a imagem do Rio já no primeiro ano à frente do cargo, o coronel afirma que vai adotar uma política de tolerância zero.

A ideia de Amêndola é não poupar, por exemplo, quem urina nas ruas. Por isso, ele pretende sugerir ao prefeito eleito Marcelo Crivella uma campanha de divulgação dos delitos mais comuns previstos no código de postura municipal, a fim de conscientizar a sociedade. Conhecido por ser linha dura, o novo secretário pretende até comprar folgas de policiais militares e guardas municipais com o objetivo de aumentar a repressão. Atualmente, a guarda — que foi implantada por Amêndola — tem 7.500 agentes. No entanto, devido à escala e a licenças, são três mil diariamente.

— Passamos oito anos construindo a Guarda Municipal (que é ligada à Seop). Hoje, com efetivo maior, há mais condições de fazermos um trabalho não só de repressão, mas de educação, diálogo. Já fomos avisados que os recursos serão escassos e que a secretaria será remodelada com menos cargos, mas aceitamos o desafio. A nossa missão será manter a ordem da cidade, reduzir os pequenos delitos. Vamos vencer essa guerra, como ocorreu em Nova York. Tem que ser tolerância zero. Temos que mudar essa cultura do carioca de desrespeitar coisas simples — disse Amêndola.

Ao iniciar o tour por Copacabana, Amêndola foi reconhecido por moradores e pelos próprios camelôs. Alguns lembram da época em que comandou o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Mas, bem antes de chegar à tropa de elite da PM, durante a ditadura militar, ele foi responsável pela prisão do então guerrilheiro Cesar Benjamin, que será secretário de Educação de Crivella.

Apesar do perfil operacional, Amêndola diz que vai intensificar o treinamento de guardas, para atuarem na abordagem de aproximação:

— Quando o guarda municipal age de maneira agressiva, é a imagem da prefeitura que fica arranhada.

Ele, no entanto, quer que sua tropa use armas não letais, como teaser e gás de pimenta.

Sobre camelôs, o futuro secretário diz que não basta aplicar a lei, pois a informalidade é um problema social, que piora em tempos de crise:

— Não podemos pensar em criminalizar o camelô. Tem que ter fiscalização permanente e, junto com outras secretarias, dar uma solução para quem vendendo nas ruas.

Quem comandará a Guarda Municipal será a inspetora Tatiana Mendes, que está no órgão desde a década de 1990 e ajudou a implantar a Ronda Escolar.

— Ela foi professora e é a pessoa ideal para o trabalho de aproximação com a população — disse o coronel.

Para Amêndola, a questão do morador de rua também é social e já é pauta de um futuro encontro com a secretária de Desenvolvimento Social, Teresa Bergher.