O universo pop brasileiro foi surpreendido na manhã desta terça-feira, 17 de janeiro de 2017, com a notícia de que o Barão Vermelho vai sair em turnê nacional, comemorativa dos 35 anos de atividade do grupo carioca, com Rodrigo Suricato no posto de vocalista que, até então, era do também guitarrista Roberto Frejat. A decisão foi tomada porque Frejat não quis assumir a agenda da turnê. Como o show sempre tem que continuar, Suricato foi convocado.


Quando o vocalista original do Barão, Cazuza (1958 – 1990), saiu da banda em 1985, houve quem duvidasse da capacidade de Frejat como vocalista. Contudo, o Barão venceu os preconceitos e gravou bons discos com a voz de Frejat. Só que Frejat era o principal parceiro de Cazuza na fase inicial de composição do repertório do Barão, formando uma dupla que era espécie de Mick Jagger & Keith Richards do universo roqueiro tupiniquim. Sem Cazuza, mas com Frejat no vocal, o Barão ainda era o Barão. Com Suricato, o Barão perde a identidade artística e visual, ainda que apresente na composição de 2017 dois integrantes da formação original, o baterista Guto Goffi e o tecladista Maurício Barros. Sem falar que o guitarrista Fernando Magalhães (no Barão desde 1985) e o baixista Rodrigo Santos (incorporado ao grupo em 1992) têm total intimidade com o repertório do Barão Vermelho.


Mesmo assim, com Suricato como vocalista, o Barão fica com outra cara. Mas perde a alma. É um outro Barão que vai estar em cena a partir de maio. Assim como a Legião Urbana sem Renato Russo (1960 – 1996) nunca foi de fato a Legião, porque Russo era a alma do grupo brasiliense. Mas, na indústria da música, pouco se cria. Quase tudo se transforma. O Barão quer voltar à cena e, se Frejat não quis, chama-se outro vocalista. Na máquina empresarial, um cantor é apenas uma peça a mais na engrenagem que move essa indústria geralmente submetida mais ao poder financeiro do que a um conceito artístico. Portanto, segue o show! Não é a primeira vez e tampouco vai ser a última que isso acontece. É o business do show... Mas que, no caso de Barão com Suricato, há o risco de fracasso e de prejuízo, lá isso há...

(Crédito da imagem: Frejat em foto de divulgação)