Por Cristina Boeckel e Fernanda Rouvenat, G1 Rio


Eike Batista é alvo de nova fase da Lava Jato no RJ

Eike Batista é alvo de nova fase da Lava Jato no RJ

Agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal realizam uma operação para cumprir nove mandados de prisão preventiva e quatro conduções coercitivas na Operação Eficiência, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (26). Entre os principais alvos com mandados de prisão expedidos está o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX. Segundo advogado Fernando Martins, que diz representar o empresário, ele está viajando.

De acordo com o advogado Martins, Eike vai se entregar à polícia. A PF acionou a Interpol para tentar localizar o empresário, que segundo as primeiras informações teria embarcado em um voo na terça-feira (24) para Nova York.

O empresário é acusado de pagar propina para conseguir facilidades em contratos com o governo, quando governador era Sérgio Cabral.

Outros alvos da operação são o ex-governador Sérgio Cabral, que já está preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, e Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos. Esse é o terceiro mandado de prisão preventiva expedido contra Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda. Todos os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

PF realiza operação na casa de Eike Batista

PF realiza operação na casa de Eike Batista

A PF investiga crimes de lavagem de dinheiro consistente na ocultação no exterior de aproximadamente U$ 100 milhões, cerca de R$ 340 milhões. Também são investigados os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, além de organização criminosa. Cerca de 80 agentes da Polícia Federal participam da ação.

Flávio Godinho chegou na sede da PF por volta das 10h30 desta quinta (26) — Foto: Cristina Boeckel

Um mandado de prisão foi cumprido contra Flávio Godinho, braço-direito de Eike na empresa EBX, hoje vice-presidente de futebol do Flamengo. Ele é acusado de ser um dos operadores do esquema, através da ocultação e lavagem de dinheiro das propinas que eram recolhidas das empreiteiras que faziam obras públicas no Rio de Janeiro.

Também foram presos nesta quinta: Thiago Aragão Gonçalves Pereira e Silva, advogado e sócio de Adriana Ancelmo (mulher de Sérgio Cabral); Álvaro Jose Galiez Novis e Sérgio de Castro Oliveira. Além de Eike Batista, a PF ainda tenta cumprir o mandado de prisão preventiva contra Francisco de Assis Neto.

Flávio Godinho, ex-braço direito de Eike, e hoje vice de futebol do Flamengo — Foto: Reprodução/Globo

De acordo com o Ministério Público Federal, a investigação, concentrada nos crimes de corrupção (ativa e passiva), lavagem dinheiro, tem avançado com base em quebras de sigilo (bancário, fiscal, telefônico e telemático) e em acordos de delação premiada. Segundo os procuradores, a organização criminosa liderada por Cabral movimentou, em dez meses (agosto de 2014 a junho de 2015), R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês.

Polícia Federal entra na casa do empresário, na Zona Sul do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução / Tv Globo

A PF ainda tenta cumprir quatro de condução coercitiva, entre eles um contra Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral. Por volta das 10h, ela deixou o prédio onde morava em um carro descaracterizado da Polícia Federal.

Susana Cabral foi conduzida à sede da PF por volta das 10h desta quinta-feira — Foto: Reprodução / TV Globo

Os agentes também tentam cumprir mandados de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão mais novo do ex-governador, Luiz Arthur Andrade Correia e Eduardo Plass. Todos seriam beneficiários do esquema de corrupção.

Maurício Cabral foi sócio na LRG Consultoria e Participações, de Carlos Miranda, um dos operadores do esquema de corrupção.

A PF cumpre mandados de busca e apreensão em cerca 40 endereços. São as casas dos presos e das pessoas que estão indo prestar depoimentos e de empresas investigadas nesse inquérito.

As empresas são:

- Hoya Corretora de Valores e Câmbio Ltda

- Canhoeta Negócios Corporativos

- Seven Lab Informática Ltda

- Boa da Noite Informática

- SCA Eventos e Consultoria Ltda

- Apoio Consultoria e Planejamento Ltda

- Havana Administradora e Corretora de Seguros Ltda.

- Unirio Assessoria Administração e Corretora de Seguros Ltda

- Corcovado Comunicação Ltda

- Américas Copacabana Hotel Ltda

- Carolina Massiere Confecções e Assessórios de Moda Ltda

- Estalo Comunicação

- JPMC Academia de Ginástica Ltda

- MCS Comunicação Integradas S/C Ltda

- Araras Empreendimentos Consultoria e Serviços Ltda

- Minas Gerais Projetos e Empreendimentos Ltda

Segundo os procuradores, a remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões, cerca de R$ 20 milhões. Durante a gestão como governador, ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas (R$ 340 milhões), distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior.

Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar cerca de R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal. A Força-Tarefa está solicitando cooperação internacional para o bloqueio e posterior repatriação dos valores que estão em contas no exterior.

O ex-governador Sérgio Cabral foi preso na primeira fase da Lava Jato realizada no Rio, batizada como Calicute, no dia 17 de novembro. O inquérito policial relativo à 1º fase da resultou no indiciamento de 16 pessoas por crimes que vão de corrupção passiva e ativa, organização criminosa a lavagem de dinheiro. Na época, os investigadores descobriram um esquema de desvio de dinheiro público, enquanto Sérgio Cabral era governador do Rio, de cerca de R$ 220 milhões.

Eike Batista já era investigado na primeira fase da Calicute. O Ministério Público Federal apura um repasse de R$ 1 milhão de uma das empresas dele ao escritório de advocacia da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo. O empresário já foi o homem mais rico do Brasil e chegou a figurar entre os dez bilionários do mundo. Ele viu seu império ruir com a derrocada da petroleira OGX, que acabou causando um efeito dominó nas outras empresas do grupo.

Eike, que dizia que até o ano 2000 era conhecido apenas como o marido da atriz e modelo Luma de Oliveira, acumulou fortuna de R$ 34 bilhões. Em 2010 ele foi incluído na lista da Forbes como o oitavo homem mais rico do mundo.

O G1 entrou em contato com as empresas envolvidas na Operação Eficiência, que é mais um desdobramento da Lava Jato. As empresas Hoya Corretora de Valores e Câmbio LTDA e Corcovado Comunicação LTDA afirmaram que não irão se posicionar sobre a citação na investigação.

A Unirio Assessoria Administração e Corretora de Seguros disse ao G1 que “nunca fizeram seguro com os citados e desconhecem a operação”. Além disso, um dos ex-sócios afirmou ainda que a empresa está desativada desde 2012. A Américas Copacabana Hotel disse, por volta das 13h, que irá emitir uma nota.

Outras empresas foram procuradas pelo G1, mas a equipe de reportagem não obteve resposta. São elas: Havana Administradora e Corretora de Seguros, Carolina Massiere Confecções e Assessórios de Moda, JPMC Academia de Ginástica e MCS Comunicação Integradas S/C. O G1 ainda tenta entrar em contato com as demais organizações citadas.

Empresário Eike Batista viu seu império ruir com a derrocada da petroleira OGX

Empresário Eike Batista viu seu império ruir com a derrocada da petroleira OGX

Eike Batista não é encontrado em casa durante operação da PF

Eike Batista não é encontrado em casa durante operação da PF

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!

Mais lidas

Mais do G1

Sugerida para você