Por G1


Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala da Casa Branca. — Foto: Evan Vucci/ AP

“Não é um banimento a muçulmanos”, afirmou Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, neste domingo (29) por meio de nota, em resposta à repercussão negativa gerada por um decreto assinado por ele que restringe a entrada de refugiados e imigrantes em território norte-americano (veja abaixo o comunicado na íntegra).

O presidente dos EUA afirmou que há “quase 40 diferentes países que têm maioria muçulmana que não foram afetados por essa ordem”. Na sexta-feira (27), ele assinou uma ordem executiva, válida por 90 dias, restringindo a emissão de vistos para pessoas nascidas em sete países: Iraque, Iêmen, Síria, Irã, Sudão, Líbia e Somália. Trump também suspendeu o programa de recepção de refugiados durante pelo menos 120 dias, enquanto as autoridades definem o futuro sistema de verificação de vistos. Clique aqui e veja a íntegra do documento divulgado pela rede americana CNN.

Tremendo sentimento

No comunicado, Trump afirmou que vai liberar a emissão de novas autorizações de entrada nos EUA ao fim dos 90 dias. “Nós iremos liberar vistos novamente a todos os países uma vez que revisemos e implementemos políticas mais seguras nos próximos 90 dias.”

Ele afirmou ter um “tremendo sentimento pelas pessoas envolvidas na horrível crise humanitária na Síria”, mas que sua “primeira prioridade será sempre proteger e servir nosso país”. “Como presidente, eu irei encontrar meios de ajudar todos aqueles que estão sofrendo”, completou Trump.

Críticas a Obama

Para rebater as críticas feitas contra seu decreto, Trump afirmou que a ordem é similar a medidas tomadas pela gestão Obama.

“Minha política é similar ao que o presidente Obama fez em 2011, quando ele baniu os vistos para refugiados do Iraque por seis meses. Os sete países nomeados na minha ordem executiva são os mesmos que haviam sido identificados anteriormente pela administração Obama como fontes de terror”, afirmou Trump.

Países vetados por Donald Trump — Foto: Arte/G1

Suspensão

Neste sábado (28), um dia após o anúncio da medida, os aeroportos dos Estados Unidos registraram confusão e protestos de funcionários que tentavam interpretar as novas medidas. Entre 100 e 200 estrangeiros, alguns com autorização legal, tiveram a entrada nos Estados Unidos negada, segundo a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês).

A organização entrou com um pedido na Justiça, e juíza federal Ann Donnelly suspendeu ainda na noite de sábado as deportações de refugiados e imigrantes que estão Estados Unidos ou chegarão ao país e que tenham vistos válidos.

No sábado (28), o Departamento de Segurança Doméstica tinha anunciado a restrição na entrada mesmo aos donos do chamado "green card". A Casa Branca, no entanto, voltou atrás e anunciou que as restrições não valiam para quem possui visto permanente de residência no país.

Até então, os vistos permanentes concedidos pelos EUA permitiam que imigrantes permanecessem no país sem as restrições de outros vistos. Os seus detentores podiam sair do país e voltar a ele sem que tivessem de renovar o documento. Eles só não podiam se ausentar dos EUA por mais de um ano ou por longos períodos sucessivos.

Regras imprecisas

No entanto, o chefe de gabinete de Trump, Reince Priebus, afirmou em entrevista ao canal NBC News que os agentes de fronteira terão autoridade para deter e questionar viajantes suspeitos vindos de certos países. Assim, a declaração que, em princípio, reverteria o anúncio do departamento de segurança parece aumentar a incerteza para os estrangeiros já que não se sabe como a ordem executiva será interpretada e aplicada nos próximos dias.

Ele também sugeriu que a ordem executiva poderia abranger mais do que os sete países atualmente incluídos na proibição. "Talvez outros países precisassem ser adicionados a uma ordem executiva no futuro”, afirmou.

Priebus disse que mesmo americanos podem ser alvo de questionamentos dos agentes de fronteira. "Eu acredito que, se você é um cidadão americano que está indo e voltando para a Líbia, é provável que seja submetido a mais questionamentos quando você entrar em um aeroporto", disse Priebus.

Veja abaixo o comunicado de Donald Trump, divulgado pela Casa Branca:

A América é uma orgulhosa nação de imigrantes e nós continuaremos a mostrar compaixão àqueles que fogem da opressão, mas nós faremos o mesmo enquanto protegemos nosso cidadãos e nossa fronteira. A América tem sido a terra dos livres e lar dos bravos. Nós a manteremos livre e em segurança, como a mídia sabe, mas se nega a dizer.

Minha política é similar ao que o presidente Obama fez em 2011, quando ele baniu os vistos para refugiados do Iraque por seis meses. Os sete países listados na minha ordem executiva são os mesmos que haviam sido identificados anteriormente pela administração Obama como fontes de terror.

Para ser claro, isso não é um banimento a muçulmanos, como a mídia falsamente está relatando. Isso não é sobre religião – isso é sobre terror e manter nosso país seguro. Há quase 40 diferentes países que têm maioria muçulmana que não foram afetados por essa ordem. Nós iremos liberar vistos novamente a todos os países uma vez que revisemos e implementemos políticas mais seguras nos próximos 90 dias.

Eu tenho um tremendo sentimento pelas pessoas envolvidas na horrível crise humanitária da Síria. Minha primeira prioridade será sempre proteger e servir nosso país, mas, como presidente, eu irei encontrar meios de ajudar todos aqueles que estão sofrendo.

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