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“Piloto já aterrissou aqui em condições piores”, dizem vizinhos de aeroporto de Paraty

“Piloto já aterrissou aqui em condições piores”, dizem vizinhos de aeroporto de Paraty

Osmar Rodrigues era visto como um piloto “extremamente experiente”. A visibilidade “era zero” no momento do desastre com o avião que transportava Teori Zavascki, confirmam testemunhas

HUDSON CORRÊA E SAMANTHA LIMA
20/01/2017 - 11h06 - Atualizado 20/01/2017 15h56

O piloto do avião que transportava o ministro Teori Zavascki, Osmar Rodrigues, o Mazinho, já havia aterrissado no aeroporto de Paraty em condições piores, relataram pessoas que o conheciam. Segundo o empresário e colaborador do aeroporto Elber Dedini, Mazinho também era visto como um piloto “extremamente experiente”. No momento em que a aeronave se aproximou do local, chovia muito, e a visibilidade “era zero”, afirmam testemunhas.

A operação de decolagem e aterrissagem nas duas pistas do aeroporto de Paraty é realizada de forma totalmente visual, uma vez que não há controladores de voo nem torre de comando. Cabe aos pilotos avaliar as condições durante os procedimentos de subida e descida.

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A aeronave King Air C90, de Carlos Alberto Filgueiras, dono do hotel Emiliano, surgiu no céu próximo ao aeroporto, por trás da Serra de Paraty, por volta de 13h35 desta quinta-feira (19). Segundo testemunhas ouvidas por ÉPOCA nas redondezas do aeroporto, naquele momento a aeronave vinha em trajetória aparentemente normal, dando indícios de ter escolhido a chamada cabeceira 28, a pista que estaria à esquerda no campo de visão do piloto. Aos pilotos que escolhem tal pista, o procedimento-padrão era voar em trajetória ao lado da pista e fazer a avaliação visual das condições de voo, em uma manobra chamada “perna do vento”, seguir adiante e, mais à frente, retornar já descendo. 

Era esperado, então, que Mazinho fosse até a altura de uma ilha na Baía de Angra, a contornasse duas vezes suavemente e voltasse já aterrissando. O que deu errado, segundo relatos de pessoas que viram a queda do avião, foi que, neste momento, a aeronave teria inclinado demais e a asa, então, teria batido no mar.

Aeroporto de Paraty (Foto: Samantha Lima/Época)


“O avião não parecia ter qualquer problema. Aproximou-se normalmente do aeroporto. Ouvíamos o barulho do avião e ficamos aguardando a volta, já para o pouso. De repente, o barulho parou. Achávamos que o avião tinha decidido ir para outro aeroporto, devido às condições ruins”, afirmou José Guilherme Barbosa, vizinho do aeroporto.

Cerca de 15 minutos depois, a Capitania dos Portos fez contato com o aeroporto para saber quantas pessoas havia na aeronave. Àquela altura, a autoridade marítima acreditava que o avião tivesse decolado de Paraty. Filgueiras costumava vir a Paraty quase todos os finais de semana, há mais de duas décadas, segundo vizinhos ao aeroporto que o conheciam. Mazinho era seu piloto de longa data.

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O movimento de aviões e helicópteros no aeroporto de Paraty costuma ser mais intenso entre sexta-feira e segunda-feira (com quatro ou cinco pousos e decolagens por dia). Cerca de 80% do tráfego de aviões é proveniente de São Paulo. De terça a quinta, costuma haver um ou dois pousos e decolagens por dia. Na quinta-feira, na quarta e na terça desta semana houve somente um pouso registrado por dia. O desta quinta-feira ocorreu duas horas depois da queda do King Air.

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O aeroporto de Paraty é um empreendimento considerado “básico”,  pertencente à prefeitura de Paraty. Em 2012, a prefeitura quis fechá-lo, mas empresários com casas na região reuniram-se para arcar com as despesas básicas de seu funcionamento – cerca de R$ 30 mil mensais.

 Avião onde estava o ministro do Supremo Tribuna Federal Teori Zavascki,  cai no mar próximo a Paraty (Foto: Douglas Prado / Parceiro / Agência O Globo)







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