Zago pode mudar cultura tática do Inter(Foto: Infoesporte)
Trata-se apenas de uma pequena amostra, sem nenhuma certeza de que será implementada ao longo da temporada. Mas o primeiro treinamento tático de Antônio Carlos Zago no Inter indicou uma defesa composta por três zagueiros, com um sistema que virou febre no futebol europeu, sobretudo, na Inglaterra.
Durante a manhã de segunda-feira, no primeiro treino da pré-temporada colorada no resort em Viamão, Zago dividiu o grupo em duas equipes, com 10 jogadores cada. Na equipe de branco, Neris, Eduardo e Ernando formavam a trinca defensiva, enquanto a de preto tinha Paulão, Léo Ortiz e Rodrigo Dourado improvisado.
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Uma clara ideia de aposta em um sistema tático que vem sendo usado, por exemplo, pelo treinador italiano Antônio Conte, no Chelsea. Conte, aliás, é uma das referências de Zago para a carreira. À noite, em entrevista ao programa "Bem Amigos!", do SporTV, o treinador do Inter disse que “não é refém” de nenhum sistema e que se adapta conforme as peças disponíveis. No Juventude, no ano passado, trabalhou basicamente com três esquemas: 4-2-3-1, 4-4-2 e 3-4-3.
– Não sou
preso a esquemas. Olho o que tenho na mão e procuro trabalhar em cima das características
dos jogadores. Ano passo eu comecei no 4-2-3-1 no Juventude e encerrei no 4-4-2
– destacou o técnico.
Ainda é muito cedo, claro, mas já é possível projetar uma possível equipe do Inter no 3-4-3. A projeção leva em conta os reforços já contratados, assim como os jogadores que estão engatilhados: os laterais Alemão e o zagueiro Klaus. Também resta saber quem serão os titulares escolhidos por Zago para iniciar a temporada.
Possível formação do Inter no esquema com três zagueiros (Foto: Arte / GloboEsporte.com)Versatilidade como arma
Essa linha de três defensores ganhou destaque e é cada vez mais utilizada no futebol europeu. Antonio Conte, do Chelsea, serve como maior exemplo de sucesso. Líder isolado da Premier League, alcançou a incrível sequência de 13 vitórias consecutivas até ser derrotado recentemente pelo Tottenham, que, aliás, é outra equipe que adotou o sistema.
Na opinião do jornalista Leonardo Miranda, autor do blog Painel Tático do GloboEsporte.com, o sistema com três zagueiros e três atacantes se tornou um dos mais versáteis da atualidade. Pois possibilita criar uma verdadeira barreira defensiva, com cinco homens, assim como oferece alternativas para o ataque.
– O 3-4-3 permite ao time ter um grande leque de opções tanto na defesa como no ataque. Chelsea e Borussia Dortmund, que usam o sistema, mostram que a palavra chave é versatilidade: no ataque, os zagueiros participam do jogo como se fossem volantes e os alas se transformando em verdadeiros pontas. Na defesa, os alas se alinham aos zagueiros e os meias participam da defesa, formando uma linha de cinco e outra de quatro. É uma ideia de jogo que exige inteligência dos atletas e permite atacar e defender com mais jogadores que o 4-2-3-1 ou o 4-4-2, por exemplo – explica Miranda.
Na atualidade, o Chelsea é a principal referência no uso da formação. Os alas Victor Moses e Marcos Alonso atuam com rigor militar. Voltam para marcar, se juntam ao trio de zagueiros, assim como são importantes para o ataque. Quanto a formatação é defensiva, Hazard e Pedro formam uma linha de quatro defensores, deixando somente Diego Costa como referência ofensiva.
Time básico do Chelsea de Antonio Conte (Foto: Arte / GloboEsporte.com)
Embora evite o rótulo de "europeu", o treinador do Inter se mostra um estudioso e se orgulha de ser formado em curso de treinadores na Itália, chancelado pela Uefa. Foram seis semanas no concorrido curso da federação italiana, em 2013, quando era assistente no Roma, no qual foi campeão italiano em 2001 como jogador.
As aulas duravam oito horas por dia, de segunda a sexta-feira. As cinco disciplinas: técnica de futebol, metodologia de treinamento, psicologia, comunicação e medicina esportiva. O ex-zagueiro teve aulas com técnicos como Luciano Spaletti, do Zenit, e os alunos também visitaram alguns clubes, como o Bayern de Munique na época de Pep Guardiola.
O curso italiano abriu portas. Recebeu um convite de "estágio" como assistente de Mircea Lucescu, no Shakhtar Donetsk, mas permaneceu quase dois anos na função. Zago havia sido seu jogador no Besiktas, da Turquia. Retornou ao Brasil em 2015 para trabalhar no Juventude e residir em Caxias do Sul, onde se sente em casa. Desde então, inicia o maior desafio da carreira como treinador: erguer o Inter de volta para a Série A.
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