Trump exibe ordem de execução da construção do muro na fronteira entre os EUA e o México — Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP Photo
O presidente americano Donald Trump quer cobrar 20% sobre todas as importações do México para pagar pelo muro que será construído na fronteira entre os dois países, disse nesta quinta-feira (26) a repórteres o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Atualmente, México, Estados Unidos e Canadá têm acordo de livre comércio (Nafta), que Trump já disse que pretende renegociar.
Spicer não deu mais detalhes sobre como funcionará o imposto, mas disse que Trump quer que a medida faça parte de uma reforma no pacote de impostos que o Congresso dos EUA está contemplando. O presidente já discutiu a ideia da cobrança deste imposto com líderes do Congresso, disse Spicer, a bordo do Air Force One, que levava Trump da Filadélfia a Washington D.C.
Segundo o porta-voz, a cobrança deste imposto geraria US$ 10 bilhões ao ano, o que "facilmente pagará pelo muro".
Trump diz que a construção do muro será financiada em um primeiro momento pelos contribuintes americanos, mas que "relativamente em breve" os EUA começarão uma negociação para que o México reembolse o valor. O líder republicano do Senado dos EUA, Mitch McConnell, disse nesta quinta que a construção do muro deve custar entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.
"Seremos, de alguma forma, reembolsados pelo México, o que eu sempre disse", afirmou. "Seremos reembolsados em uma data posterior de qualquer transação que fizermos com o México", disse Trump em uma entrevista concedida à ABC News divulgada nesta quarta-feira.
Já o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, afirma que o México não pagará pela construção do muro. "O México não acredita nos muros. Já disse várias vezes, o México não pagará nenhum muro", disse nesta quarta.
Presidente do México reprova construção de mura na fronteira com os EUA
Carro é principal produto
O principal produto que os EUA importam do México são veículos. Em 2015, o montante somou US$ 74 bilhões. Em 2014, o país superou o Brasil passou a ser o maior produtor da América Latina, após a abertura de diversas fábricas das principais montadoras, atraídas pelo acordo de livre comércio que o México possui com EUA, Canadá e mais de 40 países.
Os mercado americano é o principal destino dos veículos produzidos no México, e o país é o maior fornecedor de veículos e autopeças para os EUA, superando o Canadá.
Durante a campanha e depois a eleição, Trump já vinha criticando montadoras que vendem nos EUA carros produzidos no México, dizendo que elas tiram emprego nos EUA e ameaçando cobrar delas com imposto de 35% de importação. Recentemente, algumas montadoras chegaram a anunciar novos investimentos nos EUA e desistência de planos para o México.
Reunião cancelada
Peña Nieto afirmou nesta quinta que não vai mais comparecer à reunião com Trump que estava agendada para a próxima terça-feira (31).
"Nesta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça com o @POTUS (presidente dos EUA)", postou Peña Nieto em sua conta no Twitter.
Trump assinou nesta quarta-feira (25) uma ordem executiva para iniciar a construção de um muro na fronteira com o México, uma das principais e mais polêmicas promessas de campanha do republicano.
— Foto: Editoria de Arte/G1
Após a assinatura da ordem executiva, Peña Nieto disse que lamentava e reprovava a decisão, e reiterou que seu país não pagará pela construção do muro. "O México não acredita nos muros. Já disse várias vezes, o México não pagará nenhum muro", declarou, em um vídeo publicado no Twitter.
Peña Nieto também ordenou que os 50 consulados mexicanos nos EUA reforcem suas medidas de proteção e "se convertam em autênticas defensorias dos direitos dos imigrantes". No vídeo, ele não falou sobre a viagem a Washington.
Mais cedo, nesta quinta, Trump afirmou que Peña Nieto deveria cancelar sua visita a Washington, se o México se recusar a pagar pelo muro.
“Os EUA têm um déficit de US$ 60 bilhões com o México. Tem sido um acordo de apenas um lado desde o início do Nafta, com números maciços de empregos e empresas perdidas. Se o México não quer pagar pelo tão necessário muro, seria melhor cancelar o encontro”, escreveu Trump no Twitter.
Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, disse após o anúncio de Peña Nieto que uma nova data para um encontro no futuro será buscada. "Vamos manter abertos os canais de comunicação", declarou.
Na entrevista à ABC News, Trump afirmou que a construção do muro na fronteira com o México começará "assim que possível". Questionado sobre se seria uma questão de "meses", o presidente disse: "Eu diria em meses". Segundo o presidente, o planejamento da construção começa imediatamente.