Rio crise no Rio

Manifestação no entorno da Alerj deixa rastro de destruição e feridos no Centro do Rio

Um estudante foi atingido por bala de borracha e teve o intestino e o fígado perfurados
Protesto contra a privatização da Cedae termina em violência no Rio Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Protesto contra a privatização da Cedae termina em violência no Rio Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

RIO - O confronto entre manifestantes mascarados e policiais militares no Centro do Rio deixou pelo menos 15 pessoas feridas, entre elas um estudante de 18 anos .  Carlos Henrique Sena, militante da Associação de Estudantes Secundaristas do Estado do Rio, deu entrada no Hospital Souza Aguiar ferido por um tiro de bala de borracha, que atingiu fígado e intestino. Ele foi operado e seu quadro era estável.

Uma pessoa teria sido presa. Lojas foram depredadas e há informações de saques. O vidro da parada de um VLT foi quebrado, e o serviço teve a circulação prejudicada durante a tarde. A confusão começou quando os manifestantes lançaram fogos e pedras na direção dos policiais, que estavam na frente do palácio. Os agentes revidaram com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Foram montadas barricadas com fogo, e policiais apreenderam uma grande quantidade de rojões próximo à Alerj .

O tumulto teve início às 15h30m, na Rua Primeiro de Março, e se espalhou para as ruas São José, da Quitanda, da Assembleia e Avenida Rio Branco. As vidraças de uma agência bancária foram quebradas e atearam fogo em latas de lixo. Quem trabalha em prédios da região contou que a fumaça entrou pelas janelas, e muita gente precisou deixar os edifícios.

O ato é contra o projeto de privatização da Cedae, que faz parte de um pacote que deve ser votado pelos parlamentares. O  protesto começou mais cedo, de forma pacífica. Dentro da Alerj, alguns deputados chegaram a usar máscaras de gás. Imagens publicadas nas redes sociais mostram cenas de violência durante o protesto contra a privatização da Cedae, nesta quinta-feira, no Centro do Rio.

Uma repórter do GLOBO acompanhou parte dos confrontos em frente à Alerj. Confira abaixo como foi a transmissão:

A PM  usa um carro blindado na operação, além de jatos d'água para dispersar os manifestantes. Um helicóptero sobrevoou a região. Em nota, a Assessoria de Imprensa da Polícia Militar afirma que a confusão começou depois que PMs que faziam o cordão de isolamento em frente à Alerj "foram atacados por um grupo de mascarados, que atiraram pedras, rojões e coquetéis molotov contra as equipes que atuam na segurança do entorno da Assembleia Legislativa". Segundo a PM, os policiais feridos foram socorridos. Um homem foi preso jogando pedras contra os policiais.

PROTESTO COMEÇOU PACÍFICO

O protesto começou no fim da manhã desta quinta-feira, e foi pacífico até por volta das 15h30m, quando começou o tumulto. Mais cedo, servidores gritavam palavras de ordem e pediam a saída do governador Luiz Fernando Pezão do cargo. Parte do comércio da região está fechado ou com meia porta aberta.

OPOSIÇÃO TENTA BARRAR VOTAÇÃO

Dentro da Alerj, o clima é de enfrentamento. Assim como na quarta-feira, a oposição tentou obstruir a votação. Parlamentares usaram o tempo para fazer discurso e atrasar a sessão extraordinária que vai apreciar os vetos do governo para projetos já sancionados .

O projeto de lei que autoriza a venda da Cedae para garantir um empréstimo de R$ 3,5 bilhões ao Rio já recebeu 207 emendas. Ele irá a plenário, em primeira discussão, ainda nesta quinta-feira, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A sessão foi uma manobra do presidente da Casa, Jorge Picciani, para que 27 vetos fossem apreciados antes de o projeto ir a plenário (o que é obrigatório pelo regimento da Alerj).

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