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A venda de Pratto vem em boa hora: há um buraco nas contas do Atlético-MG em 2017

A venda de Pratto vem em boa hora: há um buraco nas contas do Atlético-MG em 2017

O orçamento atleticano prevê um déficit de R$ 48 milhões na temporada, e a solução é se desfazer de atletas para arrecadar. A saída do argentino é um bom começo

RODRIGO CAPELO
10/02/2017 - 06h01 - Atualizado 10/02/2017 12h40
Lucas Pratto, ainda com a camisa do Atlético-MG (Foto: Bruno Cantini / Atlético-MG)

Lucas Pratto, ainda com a camisa do Atlético-MG, de frente para os repórteres em entrevista coletiva na tarde da quinta-feira (9), abriu o jogo. O argentino queria uma oferta para trocar o clube mineiro por um europeu, mas não aconteceu. “Obviamente todo mundo estava esperando uma proposta da Europa, mas infelizmente ela não chegou. Chegou uma proposta muito boa de um clube aqui do Brasil”, afirmou, antes de agradecer à torcida, em portunhol. O interessado é o São Paulo, cuja oferta de € 6,2 milhões – mais de R$ 20 milhões – já foi aceita. Repare que, na fala, Pratto ressaltou que a proposta tinha de ser importante para o clube. Ele tem razão.

O Atlético-MG previu em seu orçamento para 2017 uma receita de R$ 279 milhões. A maior parte do dinheiro virá da venda dos direitos de transmissão para a TV Globo e ainda entram na conta os sócios-torcedores, as bilheterias, os patrocínios e até a renda pelo aluguel de um shopping de luxo em Belo Horizonte. Com um dos elencos mais caros do país e com dívidas de glórias passadas, as despesas foram orçadas em R$ 327 milhões. O torcedor, com uma calculadora na mão, vai notar que faltam R$ 48 milhões para fechar a conta neste ano. É o déficit projetado pelo departamento financeiro alvinegro.

A solução, comum a quase todo clube brasileiro, é vender jogadores. A diretoria anotou na projeção de receitas R$ 50 milhões obtidos a partir de transferências de atletas. ÉPOCA tirou o valor da arrecadação porque esse é um cálculo para lá de arriscado. É possível prever, a partir de contratos assinados e médias históricas, quanto se vai faturar com TV, patrocínios e torcida. Mas não há santo que crave as vendas de atletas. São valores que oscilam muito e estão diretamente ligados à quantidade de jogadores vendidos, aos valores recebidos e, ainda, ao que o clube repassa para intermediários e empresários. É uma receita incerta demais para ser considerada num orçamento realista. A boa notícia ao atleticano é que agora ao menos se sabe que R$ 20 milhões devem entrar graças a Pratto.

O gasto com o futebol não é o maior problema, por assim dizer, nas contas atleticanas. Dos R$ 327 milhões em despesas, R$ 210 milhões são gastos operacionais. Os salários, as viagens, os hotéis, tudo isso entra nessa parte do cálculo. Os outros R$ 117 milhões correspondem ao peso que o time carrega pelo endividamento feito em temporadas anteriores. O pagamento de dívidas, juros, acordos trabalhistas e parcelamentos de impostos atrasados ficam nessa outra parte. Aí está o principal problema de um endividamento fora de controle: quando o clube passa a gastar uma quantia considerável da receita de hoje com as despesas que não foram quitadas ontem. Nessa condição os mineiros precisam estar empenhados não só em pagar as dívidas, como em não fazer mais delas. A venda de Pratto por mais de R$ 20 milhões é um começo, mas ainda não resolve a parada em 2017. O Atlético-MG precisará se desfazer de mais jogadores.

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