Roubos de carga no estado já causam aumento de até 20% nos preços em supermercados
Os criminosos roubam as cargas, e o consumidor paga a conta. Segundo a Associação de Supermercadistas do Rio de Janeiro (Asserj), a explosão desse tipo de crime no estado, com quase dez mil ocorrências só no ano passado, já causa reflexos na boca do caixa. A estimativa é de que a alta do preço dos produtos mais visados pelos bandidos, em especial as carnes e bebidas, chegue a até 20%.
— Cada rede lida de uma forma com essa questão. O mais comum é que o repasse do preço aconteça diretamente nesses produtos mais roubados, mas temos uma rede, por exemplo, que dilui o prejuízo em todos os valores que cobra — explica Fábio Rossi de Queiróz, presidente executivo da Asserj, que conta com cerca de 300 associados, em um total de 1.600 lojas.
A média de um roubo de carga a cada 54 minutos, registrada em 2016, como mostram dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), implica uma série de custos adicionais para empresários, transportadoras e comerciantes. Há aumento no preço do seguro, nas taxas de locomoção e em outras questões logísticas de modo geral. Além, claro, dos investimentos em segurança, que mesmo assim se mostram incapazes de garantir a chegada dos produtos incólumes a seus destinos.
— Algumas seguradoras já nem fazem o contrato. Aí, arcamos sozinhos com o prejuízo. Até tentam colocar mais dinheiro na segurança, mas tudo acaba repassado para o consumidor final. Não tem jeito — confirma Venâncio Moura, coronel reformado da Polícia Militar e diretor de Segurança do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindcargas).
Sem culpa, clientes reclamam
Na saída de um supermercado no Centro do Rio, na tarde de anteontem, os amigos Bruno Amaral, de 36 anos, Daiana Matos, de 26, e Marcos Drummond, de 50, carregavam um sem fim de sacolas. Proprietários de barracas na Cidade do Samba, o grupo acabara de comprar vários produtos, sobretudo carnes de diversos tipos, com o intuito de revendê-las durante o ensaio técnico deste fim de semana. O preço, porém, não agradou.
— Gastamos, ao todo, pelo menos R$ 500 só com essas carnes. Não fosse essa diferença no preço, talvez sobrassem uns R$ 100, e é um dinheiro que faz muita falta, ainda mais em tempos de crise. Seriam mais dez pacotes de frango, digamos — reclamou Marcos, antes de arrematar:
— A culpa pelos roubos de carga é da segurança pública, não do consumidor.
Já Antonio Gomes, de 32 anos, dono de dois bares, deixou o mesmo estabelecimento com nove caixas de uma cerveja artesanal. O prejuízo estimado vinculado aos roubos de carga, no caso do comerciante, até é menor, de aproximadamente R$ 50, mas nem por isso menos lamentado:
— Justo não é. Não deveria sair do nosso bolso, né?
A Polícia Civil disse que as delegacias têm feito trabalhos de inteligência para identificar e prender as quadrilhas de roubo de carga.
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