16/02/2017 12h53 - Atualizado em 16/02/2017 12h53

Setor rochas registra 376 acidentes de trabalho em 1 ano no ES

Cerca de 100 homens morrem a cada década nas regiões de extrações.
Dados são do Ministério Público do Trabalho (MPT-ES).

Do G1 ES, com informações da TV Gazeta

Cerca de 100 homens morrem a cada década nas regiões de extrações de rochas ornamentais no Espírito Santo, em decorrência do trabalho, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mármore, Granito e Calcário (Sindimármore-ES).

Apenas em 2016 foram registrados 376 acidentes de trabalho. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), há conhecimento desses casos e os funcionários devem denunciar os riscos.

O procurador-chefe do MPT-ES, Estanislau Talon Bozi, explicou que a fiscalização existe, mas ela nunca é suficiente se não houver denúncias. Em todo o Espírito Santo existem 1,8 mil empresas do setor de rochas.

Bozi admite que o serviço representa riscos. "O próprio trabalhador pode fiscalizar suas condições de trabalho se tiver o conhecimento adequado, então ele pode se recusar a cumprir determinada tarefa que coloque em risco a sua própria vida. Há também os sindicatos e os órgãos estatais que podem fazê-la [fiscalização]. O trabalhador pode pedir ajuda no seu sindicato, que pode fazer um trabalho mais rápido por estar mais próximo do trabalhador. O direito de recusa é quando a situação é tão grave que pode colocar uma vida em risco", explicou.

As denúncias podem ser feitas de forma anônima pela internet, na página do Ministério Público do Trabalho. Também há como relatar irregularidades pessoalmente ou por telefone, através dos números disponíveis no site. Durante a ligação, o nome é solicitado, mas não será compartilhados, garantiu Bozi.

Segundo o MPT, todas as atividades desempenhadas pelos empregados do setor de rochas são de risco e a situação foge do controle quando se trata de empresas clandestinas. Bozi destacou que esses locais devem ser denunciados, porque geralmente são desempenhadas em áreas de difícil acesso.

Empresas
O presidente do Sindicato das Empresas de Rochas Ornamentais (Sindirochas-ES), Tales Machado, explicou que o número de mortes vem caindo.

"Antes tínhamos 400 pessoas trabalhando no setor e 10 mortes por anos, hoje temos 20 mil trabalhadores e continuamos com 10 mortes, por exemplo. Não é o ideal, o ideal é não ter mortes, mas estamos trabalhando isso. Tínhamos muitos óbitos com movimentação de chapa, então começamos a exigir treinamento apropriado e esse número caiu tremendamente. Esse é um setor de risco e a evolução é com o tempo. Você começar trabalhando um lado hoje e os resultados vão aparecendo com o tempo", falou.

Para Tales, o principal problema no setor é a irregularidade de algumas empresas. "Existem rochas no Espírito Santo que estão sendo exportadas de maneira irregular, através de empresas clandestinas. Vários órgãos ajudam, mas não conseguimos romper isso. O sindicato dos trabalhadores, que é o Sindimármore, deveria colaborar mais porque ele conhece essas empresas, os trabalhadores desses locais não têm nem carteira. A situação é crítica, problemática, e precisa da união de forças. Ninguém vai conseguir resolver sozinho", expôs.

veja também