Política Lava-Jato

Após ser procurado por quase um mês, Jucá marca audiência

Justiça do Paraná não teve respostas em e-mails e telefonemas
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), no plenário do Senado Foto: Jefferson Rudy / Agência O Globo/20-02-2017
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), no plenário do Senado Foto: Jefferson Rudy / Agência O Globo/20-02-2017

SÃO PAULO — Arrolado como testemunha de defesa pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi procurado pela 13ª Vara Federal de Curitiba por quase um mês para a marcação de uma audiência. Após tentativas por telefone e e-mail serem infrutíferas, o depoimento foi marcado na segunda-feira, e deve ocorrer no dia 7 de março.

Quando o primeiro ofício foi encaminhado ao senador, o juiz Sérgio Moro ainda estava em férias. O documento foi assinado pela juíza substituta Gabriela Hardt, que colocou à disposição de Jucá cinco datas para prestar seu depoimento, entre os dias 1 e 8 de março, por videoconferência na sede da Justiça Federal do Distrito Federal. Também foi oferecida a possibilidade de fazer a videoconferência no próprio Senado, caso tenha equipamento disponível.

A juíza pediu a resposta em três dias, mas ela não veio. Segundo registro inserido no processo, a Justiça encaminhou email a Jucá nos dias 24 de janeiro, 7 de fevereiro e ontem, dia 20, sem resposta. Também form feitos contatos telefônicos: "Liguei diversas para a assessoria do Senador a fim de obter informações acerca da opção de data oitiva, sendo que também não houve resposta/retorno até esta data", diz o documento.

A defesa de Lula arrolou 37 testemunhas. O senador Romero Jucá era o segundo da lista, logo atrás do senador Renan Calheiros. No processo, Lula é acusado pela força-tarefa da Lava-Jato de ter recebido benefícios da OAS, com o tríplex no Guarujá e o pagamento pela armazenagem do acervo presidencial.

Na última segunda-feira, em discurso na tribuna do Senado , Jucá, que é presidente do PMDB e líder do governo no Congresso, falou sobre os motivos que fizeram com que ele apresentasse, e depois retirasse, a PEC que iria impedir o julgamento dos presidentes dos Poderes que estão na linha sucessória da Presidência da República. E se defendeu:

— Eu não sou réu. Sou investigado. Vou continuar agindo como sempre agi. Não vou me acovardar, vou fazer o enfrentamento que achar que tenho que fazer. Medo é uma palavra que não conheço. Se pensam que vão me atemorizar, não percam seu tempo — discursou, acrescentando que não iria "morrer de véspera".

O senador também atacou a imprensa, a quem chamou de nova “vivandeiras e carpideiras”, que choram os que "foram marcados no peito e não morreram".

'SURUBA É SURUBA'

Em entrevista do "Estado de S.Paulo", Jucá afirmou ainda que apóia a discussão sobre mudança na lei do foro privilegiado, desde que ela atinja todos os poderes. “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada”, disse.

Depois, o senador afirmou que a frase foi dita numa conversa informal , em que ele se referia a música dos Mamonas Assassinas, “Vira vira”.