O São Paulo de Rogério Ceni mostrou os mesmos defeitos e virtudes na vitória por 3 a 2 sobre o São Bento, terça-feira à noite, no Morumbi. O time joga em busca do gol a todo momento, cria chances e põe a bola na rede. O melhor ataque do Paulistão, com 15 gols, no entanto, poderia marcar ainda mais. As oportunidades desperdiçadas quase custaram novo empate. E o sistema defensivo, justamente elogiado em 2016, agora deixa a desejar. Ou seja, no Tricolor de Ceni, a melhor defesa é o ataque.
Veja abaixo o que deu certo e errado no Tricolor:
Falha de marcação
Novamente o adversário saiu na frente no placar. Foi assim contra Audax, Ponte Preta, Santos e São Bento. No escanteio da direita, Pitty subiu mais do que Rodrigo Caio e fez o gol.
Repare no posicionamento dos dois jogadores antes da cobrança. O zagueiro do São Bento propositalmente fica mais atrás, perto da entrada da área, para ter espaço e impulsão a ponto de cabecear antes dos defensores. Em velocidade, ele salta e ganha de Rodrigo Caio.
Veja abaixo o vídeo do gol.
Troca de posicionamento
A falta de movimentação do ataque deixou a criação mais difícil no começo do jogo. O Tricolor se tornou perigoso quando os jogadores passaram a mudar de posição para confundir a defesa.
Luiz Araújo, por exemplo, começou no lado esquerdo do ataque. A triangulação com Cueva e Pratto, no entanto, não surtia efeito com o velocista por ali.
Aos 19 minutos, Ceni trocou o posicionamento dos homens de frente: Araújo foi para a direita, e Cueva caiu pela esquerda. Daí em diante o Tricolor passou a criar chances seguidas até conseguir o gol. Justamente com Araújo pela direita, de onde cruzou para Pratto completar de peixinho. Confira abaixo o posicionamento do atacante no vídeo.
Pratto: goleador e garçom
Além de fazer dois gols de cabeça e brigar com os zagueiros adversários, Pratto mostrou outra faceta contra o São Bento: a de garçom. O atacante tem técnica suficiente para sair da área e servir os companheiros.
Em contra-ataque no segundo tempo, por exemplo, o argentino deu toque de primeira que deixaria Thiago Mendes na cara do gol (veja no vídeo abaixo). O volante foi puxado por Denner, zagueiro punido com cartão amarelo – Ceni queria cartão vermelho.
Gols perdidos
A pressão na marcação é outra característica exigida por Ceni. O técnico pede nos treinos para os jogadores forçarem o erro do homem com a posse da bola imediatamente após serem desarmados. Luiz Araújo, um dos melhores em campo, criou uma das chances claras de gol justamente ao pressionar e roubar a bola de um adversário. A velocidade normalmente usada para correr dos marcadores também foi importante para desarmar. Na conclusão do lance, porém, Cueva perdeu o gol (veja no vídeo acima).
Em outra oportunidade, o velocista aproveitou ótimo passe de Thiago Mendes, fruto de esforço em um carrinho para evitar a saída da bola, para servir Cueva novamente. Dessa vez com a jogada ainda mais clara, o peruano ajeitou para o pé esquerdo e soltou a bomba na trave (confira no vídeo abaixo). Daí a razão para o abatimento depois do jogo, mesmo com o gol de pênalti que definiu a vitória.
Erros de passe
Os erros de passe voltaram a atrapalhar o São Paulo. Em ao menos três oportunidades, o time não conseguiu encaixar os toques corretamente, ao sair jogando (veja nos vídeos abaixo).
Quando o fez, por exemplo, na combinação Maicon-Pratto-Thiago Mendes, ilustrada acima, o time ficaria na cara do gol, não fosse a falta do zagueiro Denner.
Independentemente dos erros, Ceni mantém convicção de que esse é o melhor caminho para seguir com a boa produção ofensiva. Os números de gols marcados do ataque mais positivo do Paulistão mostram que o treinador está no caminho certo. Há de se tomar cuidado, no entanto, para não repetir falhas como a de Maicon no empate por 2 a 2 diante do Mirassol.
De qualquer maneira, o sinal de alerta para os gols sofridos continua ligado. Agora são 11, o que mantém o time como a segunda pior defesa do Paulistão. Encontrar o tão desejado equilíbrio será o grande desafio do treinador.