Política

Empresa envolvida na compra de avião de Eduardo Campos é investigada por lavagem de dinheiro

PF cumpre seis mandados de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva
Quatro pessoas foram conduzidas coercitivamente Foto: Divulgação / Polícia Federal
Quatro pessoas foram conduzidas coercitivamente Foto: Divulgação / Polícia Federal

RIO — A Polícia Federal realizou nesta terça-feira uma operação para investigar lavagem de dinheiro e corrupção na compra do jato Cessna Citation PR-AFA, que levava o então candidato a Presidência Eduardo Campos (PSB) e caiu em Santos (SP), em agosto de 2014, em plena campanha eleitoral. A Operação Vórtex é um desdobramento da Turbulência, deflagrada em junho do ano passado. Entre os empresários que foram levados para prestar esclarecimentos está Rodrigo Leicht Carneiro Leão, genro do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio.

Casado com uma das filhas de Múcio, Leicht é sócio da empreiteira Lidermac, alvo da operação da PF, que estaria envolvida na compra do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva. Todos na cidade do Recife.

Em coletiva de imprensa, o superientendente da PF, Marcelo Diniz, informou que a empresa teria repassado R$ 159.910 para a Câmara & Vasconcelos, identificada como sendo apenas uma fachada para a lavagem de dinheiro.

— O que chamou a nossa atenção foram os valores fracionados e transferências com apenas dois dias de diferença. O terceiro ponto é a conta da Câmara & Vasconcelos, que era usada para lavagem de dinheiro, como se quisesse mascarar quem estava fazendo aquela transferência — apontou a delegada Andrea Pinho.

O dinheiro foi repassado, dois dias depois, para a empresa dona do avião que vitimou o ex-governador de Pernambuco.

Ao investigar a empresa, a Polícia Federal resolveu levantar dados dos sócios e os seus contatos. A PF apontou que as doações a candidatos e partidos políticos em anos de campanha eleitoral aumentaram.

— Chama a atenção as doações que essa empresa fez para campanhas eleitorais, a evolução de 2006 a 2014. Se em 2006 eram da ordem de R$ 30 mil, de 2014 em torno de R$ 3,1 milhões para deputados e partidos — explicou o superintendente.

Em contratos com o governo de Pernambuco, dos R$ 87,5 milhões, entre 2010 e 2016, R$ 75 milhões foram registrados durante o período em que Eduardo Campos era governador. A Polícia afirma, no entanto, que essa constatação não implica, necessariamente, que os contratos seja ilícitos.

O PSB divulgou nota informando que "está acompanhando o trabalho da Polícia Federal e espera que as investigações de fato esclareçam as suspeitas".