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Roberto de Andrade continua à frente do Timão; impeachment não é votado

Em primeira votação, de admissibilidade do mérito da questão, conselheiros do clube interrompem processo contra presidente, cujo mandato termina em fevereiro de 2018

Por São Paulo

Roberto de Andrade Corinthians (Foto: Carlos Augusto Ferrari)Processo contra Roberto de Andrade foi interrompido nesta segunda-feira (Foto: Carlos Augusto Ferrari)

Roberto de Andrade continuará na presidência do Corinthians. Em reunião realizada nesta segunda-feira à noite no Parque São Jorge, o Conselho Deliberativo do Timão nem chegou a votar o impeachment do dirigente.

Em votação prévia, da admissibilidade do mérito da questão, a interrupção do processo venceu por 183 a 81 – além de um voto em branco e um nulo. Assim, a princípio, ele cumprirá seu mandato à frente do Timão até fevereiro de 2018. A oposição promete recorrer da decisão.

– Desde o começo, esse processo é triste e muito ruim para o clube. O presidente errou na administração, em algumas atitudes, mas não cometeu dolo. Graças a Deus, o Conselho é soberano e decidiu assim. Mas é óbvio que, no Corinthians, do tamanho que é, o presidente tem que delegar e dividir poderes. É importante que ele (Roberto de Andrade) tenha entendido isso e a partir de agora comece a mudar – disse o ex-presidente Andrés Sanchez logo após a divulgação do resultado.

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– Nós ficamos preocupados porque o Corinthians vai sangrar durante esse tempo todo. O presidente não tem condições de continuar da forma como está. Os conselheiros que queriam o afastamento fizeram a sua parte. Infelizmente, o Conselho entendeu que ele deve continuar. A situação é difícil, as contas estão aí para pagar. Não teve dinheiro para pagar o 13º, nós estamos com quase 50 jogadores... Infelizmente, as coisas não vão mudar agora – afirmou o conselheiro oposicionista Osmar Stábile.

No Corinthians, do tamanho que é, o presidente tem que delegar e dividir poderes. É importante que ele tenha entendido isso e a partir de agora comece a mudar
Andrés Sanchez, ex-presidente

O processo de impeachment começou depois que Roberto de Andrade assinou uma ata de assembleia e o contrato do estacionamento da arena antes de assumir o cargo de presidente. Um deles, no dia 10 de janeiro e outro em 5 de fevereiro de 2015. Ele só foi eleito presidente em 7 de fevereiro daquele ano, o que caracteriza falsidade ideológica.

Em novembro do ano passado, um grupo de 63 conselheiros protocolou no Conselho um requerimento pedido a abertura do processo de destituição do presidente. Os documentos foram analisados pela Comissão de Ética e Disciplina, que deu parecer contrário à saída. Mesmo assim, o processo seguiu para a votação dos conselheiros.

Roberto de Andrade alegava que houve um erro administrativo pela não alteração das datas dos documentos em questão para o período em que ele já havia sido eleito. Ele nega que tenha havido má fé e assegura que o clube não teve prejuízo financeiro com os equívocos.  

O Corinthians vai sangrar durante esse tempo todo. O presidente não tem condições de continuar da forma como está. Infelizmente, as coisas não vão mudar agora
Osmar Stábile, conselheiro da oposição

O dirigente passou os últimos meses trabalhando nos bastidores do clube para não perder a maioria do conselheiros. Publicamente, lideranças políticas do Corinthans, como o vice-presidente André Luiz Oliveira, o André Negão, e o ex-presidente Andrés Sanchez, diziam ser contrários à troca do presidente. 

Mesmo com o fim do processo, Roberto não deve ter dias muito mais tranquilos no Corinthians. A gestão dele continua sendo bastante criticada pela oposição e até por antigos aliados. Para tentar esfriar o clima, o dirigente deve anunciar novos diretores nas próximas semanas.

Roberto três metas a cumprir até o fim do mandato: conseguir bons resultados no futebol, amenizar a crise financeira e fechar um novo acordo com o BNDES pelo pagamento da construção da arena – a parcela mensal deve cair de R$ 5 milhões para R$ 3 milhões, aumentando o prazo de pagamento de 12 para 20 anos.