27/01/2017 20h51 - Atualizado em 27/01/2017 21h14

Deslizamentos de terra em Rolante atingiram 230 hectares, diz estudo

Foram constatados 350 marcas de deslizamentos em região afetada.
Relatório foi elaborado por pesquisadores UFRGS e servidores da Sema.

Do G1 RS

Deslizamentos registrados em encostas de montanhas no percurso do rio (Foto: Lucas Mazzura/Arquivo Pessoal)Deslizamentos registrados em encostas de morros no percurso do rio (Foto: Lucas Mazzura/Arquivo Pessoal)

Os deslizamentos de terra provocados por uma enxurrada em Rolante, na Região Metropolitana de Porto Alegre, atingiram uma área de 230 hectares. Foram constatadas 350 marcas de deslizamentos, conforme relatório divulgado nesta sexta-feira (27), elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em conjunto com servidores da Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema).

A enxurrada ocorreu em 5 de janeiro e atingiu mais de 6,6 mil moradores, e a lama arrastada pelo rio provocou o corte no fornecimento de água em oito municípios da região. Para chegar aos resultados, ainda em caráter preliminar, os estudiosos analisaram imagens de satélite e realizaram uma visita técnica nos dias 13 e 14 de janeiro.

'Nunca teve essa proporção', diz vice- prefeito após enxurrada em Rolante (Foto: Reprodução/RBS TV)Até entrada de cidade de Rolante ficou tomada
de água (Foto: Reprodução/RBS TV)

Mesmo com a ida à área atingida, o estudo considerou "insuficiente" concluir que houve a formação de uma barragem natural, com material carregado pela enxurrada, que depois teria se rompido. "Desta maneira, a hipótese de que a formação e rompimento de uma barragem natural teria causado as inundações na cidade de Rolante não pode ser confirmada e nem refutada com a quantidade de evidências coletadas até o momento", aponta o relatório. 

Entretanto, o estudo aponta a existência de "indícios" de formação de barragem. Em um dos pontos analisados foram encontrados sedimentos, troncos e galhos. "Este resquício tem uma altura de aproximadamente 2 metros (...) A seção do rio, que anteriormente, por estimativas feitas a partir de imagens de satélite, tinha aproximadamente 20 metros, atualmente exibe uma largura de aproximadamente 50 metros."
 

Volume de chuva provocou cheia de rios em Rolante (Foto: Tiago Rocha/CBV de Rolante)Volume de chuva provocou cheia de rios em
Rolante (Foto: Tiago Rocha/CBV de Rolante)

O estudo apontou a falta de pluviômetros oficiais perto do local onde ocorreram deslizamentos. Entretanto, sete medidores da água da chuva utilizados para agricultores "indicaram volumes variando entre 100 mm e 180 mm em poucas horas, sendo que a média para o mês inteiro de janeiro oscila em torno de 180 mm acumulados", segundo o relatório.

Dos sete pluviômetros, quatro indicam precipitação entre 100 mm e 180 mm no dia 5 de janeiro. Outros dois, de 90 mm e 96 mm. O medidor mais próximo à área afetada registrou 272 mm, mas foi descartado na análise "em função de a informação ter sido repassada por telefone e também não ter sido confirmada a localização exata e o estado do pluviômetro no local", aponta o relatório. 

Em dois pluviômetros oficiais, na sede do município, a medição ficou em torno de 50 mm, que foi considerado "subestimado devido à magnitude do evento".

O relatório também descartou o rompimento de uma barragem na localidade de Rincão dos Kroeff, como inicialmente foi apresentado. "A partir da análise da linha do tempo, é possível observar que o rompimento do açude se deu depois de a enxurrada ter atingido o centro de Rolante. Ou seja, a forte enxurrada foi a causa do rompimento do açude e não contrário."

Levantamento segue em fevereiro e março
O levantamento deve continuar em fevereiro e março para a elaboração de um diagnóstico final. Segundo a UFRGS, o documento permitirá a tomada de decisão mais efetiva sobre a gestão futura de desastres na região.

O grupo foi formado por pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Desastres Naturais (GPDEN) do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e técnicos do Departamento de Recursos Hídricos (DRH) da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA), com apoio do Comando Ambiental da Brigada Militar e Defesa Civil dos municípios de Rolante e São Francisco de Paula.

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