Um delegado e um comissário aposentado da Polícia Civil foram presos na manhã desta terça-feira (21) em uma ação contra crimes de lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional e organização criminosa. A operação Financiador foi deflagrada em conjunto entre o Ministério Público e a Polícia Civil.
Delegado Omar Abud foi preso na OperaçãoFinanciador (Foto: Arquivo/RBS TV)
O delegado Omar Abud e o comissário aposentado Luis Armindo de Mello Gonçalves financiavam quadrilhas que praticavam crimes de roubos de carga, receptação e estelionato, de acordo com a investigação. O financiamento era feito por meio de conta corrente de terceiros e empresas de fachada.
Em contrapartida, os dois recebiam parte dos lucros obtidos com os crimes. A polícia já apurou a lavagem de R$ 1,1 milhão. A polícia ainda não soube informar sobre o advogado dos presos.
"O delegado é investigado por emprestar valores para esses grupos, principalmente para o roubo de cargas", conta o chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul, delegado Emerson Wendt ao G1.
De acordo com Wendt, depósitos obtidos com a quebra do siglo bancário dos suspeitos comprovam esta movimentação financeira.
Objetos apreendidos na operação em Porto Alegre(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Foram confiscados quatro veículos de luxo e apartamentos dos investigados na capital e nas praias de Capão da Canoa e Xangri-Lá, no Litoral Norte.
Em entrevista coletiva após a prisão, o subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais, Fabiano Dallazen, a investigação sobre a quadrilha financiada começou em 2014.
"Roubo de carga em geral. Nas apreensões, tinha desde medicamentos, gêneros alimentícios, até pneus, carnes...", destacou Dallazen.
"É o topo da quadrilha, geralmente aquele que não aparece naqueles crimes mais vizíveis, mas ao final acaba auferindo o benefício maior", complementou o subprocurador, sobre a atuação do delegado no esquema.
O delegado Abud atuava na 17ª Delegacia de Polícia, no Centro de Porto Alegre. Já o comissário Gonçalves atuava na Divisão Judiciária Operacional e se aposentou no mês passado. Conforme Wendt, o trabalho de comissário de polícia é comandar equipes de trabalho e auxiliar trabalhos de investigação.
Além da dupla presa, outras três pessoas são investigadas. Dentro das investigações, em novembro de 2016, houve a prisão de um grupo que usava um supermercado para lavar dinheiro em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Em nota, a Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul diz que lamenta a prisão do delegado e que acompanhará o caso:
"A Associação dos Delegados de Polícia do RS lamenta a decretação da prisão do Delegado de Polícia Omar Sena Abud, sob suspeita de envolvimento em fatos delituosos. Acompanhará o desenvolvimento do caso, ora sob sigilo judicial, confiando na isenção das Instituições envolvidas na apuração dos fatos."
Chefe de Polícia Civil fala sobre a prisão de delegado e comissário de polícia em Porto Alegre (Foto: João Laud/RBS TV)