Economia

Com avanço no comércio eletrônico, WalMart desafia Amazon

Vendas on-line crescem 29% no último trimestre; ações sobem com resultado positivo
Loja da rede Walmart em São Paulo Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg
Loja da rede Walmart em São Paulo Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg

NOVA YORK - Após anos de superação da Amazon sobre a WalMart no comércio eletrônico, a rede de supermercados agora recebe um novo impulso. A WalMart registrou seu terceiro trimestre consecutivo de crescimento de dois dígitos nas operações on-line, o que ajudou os resultados financeiros de fim de ano a superar estimativas. A maior varejista do mundo está se beneficiando da aquisição da Jet.com no ano passado, um acordo de US$ 3,3 bilhões que revitalizou o negócio de e-commerce em decadência e traçou uma nova equipe executiva na divisão.

As vendas on-line cresceram 29% no quarto trimestre, encerrado em 31 de janeiro. Os resultados fizeram com as ações subissem até 3,5%, a US$ 71,81 nas primeiras operações em bolsa nesta terça-feira, a maior alta intradiária desde maio. A WalMart está finalmente “jogando na ofensiva”, segundo Peter Benedict, analista da Baird Equity Research.

O desempenho das lojas tradicionais da WalMart foi comedido, ainda que também tenha superado estimativas de analistas no trimestre passado. As vendas nos Estados Unidos em lojas abertas há pelo menos um ano subiram 1,8%, acima da previsão de 1,3%. Foi a maior alta em mais de quatro anos. Excluindo alguns itens, o lucro subiu para US$ 1,30 por ação. A expectativa do mercado era de US$ 1,29.

O diretor financeiro da empresa, Brett Biggs, disse que as vendas comparáveis aumentaram em todos os formatos de lojas devido a uma melhoria contínua nas lojas, ao forte crescimento do comércio eletrônico e a uma contribuição crescente do negócio online de supermercados.

“Já vimos nove trimestres consecutivos de crescimento do tráfego em nossas lojas", disse Biggs em um comunicado. "Claramente, estamos ganhando força."

O lucro líquido atribuível ao Wal-Mart caiu para US$ 3,76 bilhões no trimestre, ante US$ 4,57 bilhões no ano anterior, refletindo o impacto de projetos imobiliários descontinuados e indenizações. A receita aumentou 1%, para US$ 130,9 bilhões. Excluindo oscilações cambiais, ficou em US$ 133,6 bilhões.

A Amazon segue dominando o mercado virtual, mas a WalMart está investindo milhares de milhões para alcançar a rival. Além de comprar a Jet.com, a companhia com sede em Bentonville, Arankas (EUA), concordou em comprar as varejistas eletrônicas ShoeBuy.com e Moosejaw.

A rede de supermercados também colocou o fundador da Jet.com, Marc Lore, como responsável pela estratégia on-line e descartou um falido programa de filiação que imitava o plano Amazon Prime, da concorrente. A empresa começou a oferecer um programa de entregas gratuito em até dois dias que não exige qualquer assinatura.

INFILTRADO DA AMAZON

Lore costumava trabalhar na Amazon, que comprou seu negócio anterior, Quidsi. O empresário de 45 anos é considerado um visionário no setor, afirmou Michelle Grant, analista da Euromonitor International.

— Marc Lore é a segunda pessoa mais inteligente no setor de comércio eletrônico depois de Jeff Bezos (dono da Amazon) — afirma a especialista. — Ele aproveita o desafio de superar a Amazon.

O ressurgimento da WalMart não será uma batalha fácil. Quase três a cada quatro compradores da rede adquiriram algo na Amazon durante o trimestre de fim de ano, segundo a compiladora de dados Prosper Insights & Analytics. Isso é mais do que os dois terços que disseram o mesmo em 2014 – um sinal de que a WalMart tem menos domínio sobre seus clientes.

— Estamos felizes com o rápido progresso, mas ainda temos muito trabalho a fazer — afirmou Lore a jornalistas em uma conferência telefônia, e acrescentou que está aberto a fazer mais aquisições.

Ele busca oportunidades similares ao acordo que concretizou com a Moosejaw na semana passada, com o qual agregou marcas de luxo como a Patagônia.