Depois do anúncio da Ferj de que o clássico entre Flamengo e Vasco aconteceria em Juiz de Fora e da negativa da prefeitura e da Polícia Militar da cidade mineira para a realização da semifinal da Taça Guanabara, os clubes e a Federação se reuniram nesta terça-feira em busca de uma solução. Mas nada de concreto foi definido sobre o palco da partida. Os representantes dos clubes decidiram insistir no uso do Estádio Nilton Santos com duas torcidas e vão aguardar que o juiz reconsidere decisão até o último momento - nenhum outro estádio foi colocado em discussão. Com isso, o local de Fluminense x Madureira, a outra semifinal, também segue indefinido.
Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, fez pronunciamento após o fim do encontro.
- Todos estão cientes da dificuldade que estamos enfrentando com a decisão judicial. Um assunto que afeta a todos. Fizemos um reunião com os quatro grandes clubes, mais o Madureira. Convidamos também representantes das associações de torcidas organizadas dos quatro grandes clubes. Vieram representantes de torcidas de Fla e Botafogo. De uma forma unânime, todos discordam do posicionamento, embora sejam obrigados a cumprir, da torcida única. Entendendo que dentro do estádio a violência é insignificante, o problema todo é fora do estádio.
MAIS: Reunião com juiz responsável pela liminar
O juiz Guilherme Schiling, responsável pela liminar da torcida única, convocou Vasco, Flamengo e Polícia Militar para reunião às 13h nesta quarta-feira. Rivais e federação pediram após o encontro desta terça-feira que Schiling reconsidere sua decisão.
Se isso não acontecer, os clubes terão de definir o que acontecerá, seja o adiamento da partida ou a escolha de uma sede, por conta dos prazos estipulados pelo Estatuto do Torcedor. A saída mais provável é o adiamento do clássico, já que o tempo para venda de ingressos e organização da partida seria muito curto.
- A expectativa é de que o magistrado reconsidere. Vamos aguardar o resultado até amanhã sem pensar em outros assuntos. Essa é a posição unânime de todos - finalizou Rubens Lopes.
Em contato com a reportagem do GloboEsporte.com, o procurador geral do Estado, Leonardo Espíndola, informou que ainda não entrou com o seu recurso para tentar derrubar a liminar que determina torcida única. Isso só deve acontecer nesta quarta pela manhã.
Veja o que disseram os presidentes de Flamengo, Fluminense e Vasco:
Eduardo Bandeira de Mello (Flamengo)
- Todos nós somos absolutamente contrários à implantação da torcida única. Assinamos um documento pedindo ao juiz, com fundamentos, que reconsidere essa decisão. Embasado em contatos com o policiamento, entendemos que podemos realizar o jogo no Engenhão com as torcidas de Fla e Vasco. Agora esse pedido de reconsideração, na medida em que o fazemos, isso nos dá uma responsabilidade muito grande. Porque estamos praticamente endossando uma posição de que não haverá violência como vinha acontecendo
- Então estamos aqui unidos para fazer um apelo dramático. Somos adversários no campo, não somos inimigos, entendemos que um precisa do outro, e que as torcidas podem conviver em paz. Torcedores de Vasco, Fla, Botafogo, Flu podem se encontrar fora do estádio sem problemas. Se queremos reverter essa decisão, isso dá a todos nós a responsabilidade de lutar por isso. Pela paz nos estádios, pela harmonia. Queremos inaugurar a partir de hoje uma nova era. Vamos continuar com as brincadeiras, rivalidade saudável, mas sem selvageria. Defendemos a punição dos criminosos, mas os clubes não têm nenhuma responsabilidade além dessa que estamos assumindo.
Pedro Abad (Fluminense)
- Naturalmente corroboro as palavras do presidente Bandeira, e a partir do momento que a gente admite que dois seres humanos que torcem por times diferentes não podem conviver no mesmo lugar, a gente percebe a falência da sociedade. E o governo, colocando a torcida única, a falência do estado. A gente tinha zonas mistas até. Se um grupo consegue, não é possível que a gente não consiga replicar. A punição tem de ser a pessoa física, como o Bandeira disse. Faço de novo um apelo às autoridades que pensem com carinho na cultura do futebol. Era comum a gente descer a rampa da arquibancada separados por pilastras. Fica aqui o apelo que ponham a mão na consciência.
Eurico Miranda (Vasco)
- Resumindo e objetivamente é o seguinte, estamos esperando a reversão, ou a reconsideração de uma decisão que foi tomada em relação à torcida única. O que está sendo apresentado por parte da PM é que dará total garantia com duas torcidas. Acho que o magistrado pode reconsiderar e vamos esperar até o último minuto. Que volte essa época, a convivência. A rivalidade não tem nada a ver com violência. Eu acho que o futebol não pode prescindir da organizada, mas se tem meia dúzia infiltrados, que o caso deles não é torcer, é outro caso, que criminalize, penalize essas pessoas, e a própria torcida organizada expurgue essas pessoas.
- Que não acabe a provocação, que não acabe o canto, mas que tenha paz. Para que o torcedor em geral não seja penalizado. Uma decisão dessas penaliza todos os torcedores. Como se todo torcedor fosse bandido. Se tem meia dúzia de bandidos, que se identifique e puna. A torcida tem de expurgar esses elementos. A torcida tem de fazer sua festa, que faz como ninguém. Isso precisa voltar. Estamos esperando até o último minuto a reversão, que seria uma reconsideração da medida que foi tomada. Tenho certeza que isso vai acontecer e sábado estaremos jogando no Engenhão.