Amyr Klink não é apenas um navegador, aventureiro e escritor. Sabe também decifrar poemas. E sua interpretação de “Padrão”, de Fernando Pessoa é interessantíssima! Antes, leiam. E no final, ouçam Caetano Veloso.
Padrão
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, diogo cão, navegador, deixei
este padrão ao pé do areal moreno
e para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
que, da obra ousada, é minha a parte feita:
o por-fazer é só com deus.
E ao imenso e possível oceano
ensinam estas quinas, que aqui vês,
que o mar com fim será grego ou romano:
o mar sem fim é português.
E a cruz ao alto diz que o que me há na alma
e faz a febre em mim de navegar
só encontrará de deus na eterna calma
o porto sempre por achar.
Segundo Amyr, este poema é uma mensagem cifrada - e por isso, a história do brasil é ensinada errada. A descoberta do Brasil, por Cabral, foi um mero mero gesto político. Klink afirma que os portugueses já vinham por estas bandas dezenas de anos antes do descobrimento. As quinas que Pessoa se refere no poema, são dobras no mapa. O mar sem fim, ou seja, o mar abaixo do Paralelo 30, é português. Eles diziam que era português porque já conheciam tudo ali por baixo de cor e salteado. Porque não divulgavam? Medo de excomunhão, já que a navegação pelas estrelas era feita tendo o sol como centro do universo - e não a terra. E todos sabem que no século dezesseis um dos dogmas da Igreja católica era o Teocentrismo. Ou seja, disse diferente, ia para a fogueira. Agora é ler o poema de novo, desta vez, ouvindo Caetano Veloso.