"Não participarei do jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca este ano. Meus melhores desejos para todos e que aproveitem a noite!", tuitou, um dia depois de chamar alguns veículos de comunicação de "inimigos do povo americano".
O evento, que reúne políticos, jornalistas e celebridades, está marcado para 29 de abril.
Instituído em 1921, o jantar de gala permite ao presidente dos Estados Unidos pronunciar um discurso, no qual ri de si mesmo, cheio de sarcasmo, e faz piada de seus adversários políticos.
Desde que assumiu o governo, Trump tem travado uma batalha com a imprensa. Jornalistas de referência como Frank Rich, do "New York Times", convocaram um boicote ao jantar
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Na sexta-feira, representantes do jornal The New York Times, da rede CNN, entre outros, foram barrados da entrevista coletiva diária na Casa Branca.
Em 2011, o magnata participou do jantar e foi alvo das brincadeiras do então presidente Barack Obama. Um episódio considerado crucial pelos analistas na decisão do republicano de disputar a Casa Branca.
Trump deu uma coletiva de imprensa pouco antes da posse, criticando veículos de mídia. Jim Acosta, da CNN, foi direto: "Já que o senhor está nos atacando, poderia nos dar a chance de fazer uma pergunta?" "Não seja rude", rebateu Trump. "Não seja rude. Eu não vou te deixar fazer uma pergunta porque você publica notícias falsas. Quieto!"
Defensor ferrenho da posse
Logo após a posse presidencial, Trump voltou a usar sua ferramenta preferida, o Twitter, para atacar a imprensa. Criticou a cobertura, alegando que veículos só focaram nas confusões ocorridas e no número menor de presentes que na posse de Barack Obama. A partir dali, não parou de chamar o "New York Times" de "fracassado".
Porta-voz nervoso
Trump viu a primeira entrevista coletiva do novo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, ser a própria notícia. Ele ignorou grandes veículos de imprensa, disse que jornais "erram o tempo todo", exigiu desculpas da mídia a Trump e tentou justificar que a posse teve mais pessoas que a de Obama, apesar de várias fotos mostrarem o exato contrário.
Coletiva irritadiça
Numa rara coletiva de imprensa, o presidente usou um pronunciamento para atacar veículos de mídia, acusando-os de semear o caos, usar notícias falsas e se aproveitar de vazamentos ilegais das agências de Inteligência. Irritado, interpelou repórteres de jornais, mandando-os sentar e parar de falar. "Não estou brigando", garantiu.
'Inimigos do povo'
Pouco após a controversa coletiva de imprensa, o presidente voltou à ofensiva no Twitter: “A mídia das notícias falsas não é minha inimiga, mas sim do povo americano”. O tom foi parecido com o de Richard Nixon, que abertamente detestava jornalistas e caiu após vazamentos na imprensa revelarem práticas ilegais da Casa Branca.
Em fevereiro, Trump atacou o uso de fontes anônimas — prática do jornalismo que preserva a identidade de quem foi ouvido. "Você não pode permitir que utilizem fontes a menos que mencionem o nome de alguém. Uma fonte disse que Donald Trump é um ser humano horrível. Pois que me digam na cara. Que não haja mais fontes."
Veto a 'NYT', CNN, BBC e outros
Jornalistas de vários veículos de imprensa credenciados pela Casa Branca, como os jornais "New York Times" e "Los Angeles Times", as redes CNN e BBC e os site "Politico", "The Hill" e "BuzzFeed" foram impedidos de assistir à coletiva diária do porta-voz Sean Spicer em fevereiro. Veículos de mídia boicotaram a Casa Branca por causa da ação.