Edição do dia 16/02/2017

16/02/2017 13h45 - Atualizado em 16/02/2017 13h47

PF investiga pagamentos de propina na construção de Belo Monte

Os principais alvos são o filho de um senador e um ex-senador do Pará.
Ordem partiu do gabinete do ministro do STF, Luiz Edson Fachin.

Vladimir NettoBrasília, DF

A Polícia Federal realizou hoje uma nova operação para investigar o pagamento de propina na construção da hidroelétrica de Belo Monte, no Pará. Desta vez, os principais alvos são Márcio Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB), e o ex-senador Luiz Otávio, do Pará, ligado ao senador Jader Barbalho. O objetivo foi buscar provas de recebimento de propina e lavagem de dinheiro.

A ordem partiu do gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin. E a Polícia Federal cumpriu seis mandados de busca e apreensão em casas e escritórios em Brasília, Belém e Rio de Janeiro.

Um inquérito da Polícia Federal apura um suposto esquema de corrupção que, segundo investigadores, beneficiou dois partidos políticos: o PT e o PMDB, na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no norte do Pará. 

Ainda de acordo com as investigações, esses partidos dividiam uma propina de 1% do valor inicial da obra, de cerca de 15 bilhões de reais. A operação se debruçou sobre a parte do esquema que repassava dinheiro para o PMDB. A parte do PT, por não envolver pessoas com foro privilegiado, tramita hoje na Justiça Federal do Paraná.

Edison Lobão - que foi eleito recentemente presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado - e Jader Barbalho, além dos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp, são investigados neste inquérito, que tramita no Supremo Tribunal Federal e foi aberto a partir da delação do ex-senador Delcidio do Amaral, um dos primeiros a revelar a existência de um esquema de corrupção na construção desta usina hidrelétrica.

Este inquérito já estava com o ministro Luiz Edson Fachin antes mesmo da morte do ministro Teori Zavascki. Isso porque em 2015 o Supremo decidiu separar esse inquérito da Lava Jato, já que ele apura desvios no setor elétrico, o chamado Eletrolão. Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Essa operação tem como base revelações trazidas também por ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez, como Flavio Barra, que era o diretor de energia da empresa. Em depoimento de delação premiada, Flavio Barra detalhou o esquema de corrupção na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com este relato, Marcio Lobão, filho de Edison Lobão, seria a pessoa responsável por receber a propina vinda do esquema num primeiro momento.

Mas, em 2013, depois de um desentendimento em torno de um aditivo para a obra, a pessoa responsável por receber a propina passou a ser o ex-senador Luiz Otávio Campos. Márcio Lobão ocupa atualmente um cargo no governo Temer: é presidente da Brasil CAP, empresa de capitalização do Banco do Brasil. A polícia fez buscas na sede da empresa hoje. Luiz Otávio foi assessor especial do Ministério dos Transportes até o último dia 5 de janeiro.

O advogado do senador Edison Lobão disse que o cliente dele negou qualquer irregularidade e considera desqualificada a delação de Sérgio Machado. A assessoria de imprensa de Renan Calheiros negou as imputações de Delcídio do Amaral e informou que o senador tem a convicção que esta investigação será arquivada. Romero Jucá e Valdir Raupp negaram as acusações feitas por Delcídio do Amaral. Jáder barbalho não quis se manifestar.

Em nota, o PMDB informou que apoia todas as investigações e vê como positiva qualquer medida do Supremo Tribunal Federal que acelere a conclusão dos processos. O PT não quis se manifestar sobre o assunto. O Jornal Hoje não conseguiu contato com Márcio Lobão e Luiz Otávio.

 

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