Política Lava-Jato

Procuradores do Brasil e de outros dez países criam força-tarefa para investigar casos da Lava-Jato

Grupo será a maior estrutura de investigação conjunta da América Latina

Reunião entre integrantes do Ministério Público do Brasil e de outros dez países, em Brasília
Foto: Divulgação/MPF
Reunião entre integrantes do Ministério Público do Brasil e de outros dez países, em Brasília Foto: Divulgação/MPF

BRASÍLIA — Procuradores-gerais da República do Brasil e de mais dez países atingidos pelas delações da Odebrecht anunciaram nesta quinta-feira a criação de forças-tarefas bilaterais e multilaterais para aprofundar as investigações sobre a estrutura de corrupção de políticos pela empreiteira na América Latina e em Portugal, além de outros casos envolvendo empreiteiras relacionadas à Lava-Jato. Trata-se da maior estrutura de investigação a ser montada para apurar, de forma conjunta, desvio de dinheiro público na região.

— Esta é uma reunião histórica. A maior de autoridades do Ministério Público para tratar de um único caso de corrupção. Nunca houve nada igual — afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, segundo disse ao GLOBO um dos participantes do encontro.

As denúncias estão sacudindo estruturas políticas na Argentina, Peru, Venezuela, Colômbia e Equador, entre outros países de origem de políticos apontados como destinatários de suborno pagos por operadores da empreiteira. Os procuradores anunciaram a criação das forças-tarefas em declaração conjunta divulgada depois de uma longa reunião na sede da Procuradoria-Geral da República.

No documento, os procuradores se comprometem a criar “equipes conjuntas de investigação, bilaterais ou multilaterais, que permitam investigações coordenadas sobre o caso Odebrecht e o caso Lava-Jato, de acordo com o disposto no artigo 49 da Convenção de Mérida e outras normas legais e instrumentos internacionais aplicáveis”, diz o texto de três páginas. O documento é uma espécie de arrastão contra a corrupção na América Latina.

Participaram deste primeiro dia de reunião representantes do Ministério Público da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Peru, Portugal, República Dominicana e Venezuela. Na sexta-feira, os procuradores irão voltar a se reunir, desta vez em encontros bilaterais.

Mapa da propina

A Odebrecht no mundo

Onde há investigações da lava-jato

Já há investigações sobre o pagamento de propinas pela Odebrecht

Há informações sobre crimes,

mas não há investigação formal

Outros países onde a Odebrecht atua

Portugal

Estados

Unidos

México

República

Dominicana

Guatemala

Venezuela

Panamá

Colômbia

Equador

Peru

Angola

Brasil

Moçambique

Argentina

Colômbia

Rep. dominicana

MÉxico/guatemala

As investigações envolvem os dois últimos governos. Vice-ministro de Transportes durante o governo de Álvaro Uribe, que acabou em 2010, Gabriel García Morales foi preso em 13 de janeiro acusado de receber US$ 6,5 milhões (R$ 20 milhões) para favorecer a Odebrecht nas obras da Estrada do Sol. Já a campanha do atual presidente, Juan Manuel Santos, teria recebido US$ 1 milhão oriundo de propina.

A Odebrecht se comprometeu a pagar US$ 184 milhões (R$ 573 milhões) em um acordo com o governo local, após admitir os crimes. Como o texto ainda não foi homologado pela Justiça, os nomes dos políticos corrompidos não são públicos.

Embora não tenham investigações formais, México e Guatemala dizem estar levantando informações sobre os crimes.

Panamá

O ex-presidente do Ricardo Martinelli foi relacionado às investigações porque seu irmão, Mario, e seus filhos Ricardo Alberto e Luís Enrique, foram acusados de receber US$ 11 milhões e € 9 milhões (cerca de R$ 64 milhões) por meio de offshores administradas pela Odebrecht.

Argentina

O presidente Maurício Macri foi implicado pela denúncia de que seu chefe da inteligência, Gustavo Arribas, recebeu US$ 600 mil (R$ 1,8 milhão) do operador Leonardo Meirelles em 2013, quando não era do governo.

Equador

A Procuradoria do Equador diz que investiga “altos funcionários do governo”. Os investigadores pediram colaboração da Espanha para ouvir o depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado pela Lava-Jato como intermediário do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propina da empresa.

Portugal

o Ministério Público investiga contratos firmados por subsidiárias das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, entre 2005 e 2011, durante o governo do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Ele foi preso no ano passado, acusado de corrupção e fraude fiscal.

Peru

As investigações estão adiantadas e já resultaram no pedido de prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, suspeito de receber US$ 20 milhões de prepostos da Odebrecht.

Valores das Propinas

Propina paga

Quanto ganhou

Em US$ milhões

Brasil

349

1,9 bilhão

2003 a 2016

Angola

50

261,7

2006 a 2013

Argentina

35

278

2007 a 2014

Colômbia

11

50

2009 a 2014

Rep. Dominicana

92

163

2001 a 2014

Equador

33,5

116

2007 a 2016

Guatemala

18

34

2013 a 2015

México

10,5

39

2010 a 2014

Moçambique

900

2011 a 2014

Panamá

59

175

2010 a 2014

Peru

29

143

2005 a 2014

Venezuela

98

2006 a 2015

Outros países

439

1,4 bilhão

2001 a 2016

Lava-jato

Marcelo

Odebrecht

Juiz

Sérgio

Moro

Maria

Lúcia G.

Tavares

Fev/2016

2/dez/2016

Nov/2014

A Lava-Jato prende empreiteiros de OAS, Camargo Correa, Queiroz Galvão, entre outras. Policiais apreendem documentos na sede da Odebrecht, no Rio

Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht, é presa em fevereiro. Logo depois, assina acordo de delação e fala sobre o setor de contabilidade paralela da empresa

77 executivos da Odebrecht assinaram acordo de delação premiada

Mar/2016

Jun/2015

Marcelo Odebrecht é preso. PF e MPF afirmam que Odebrecht e Andrade Gutierrez pagavam propina a diretores da Petrobras via contas bancárias no exterior

Marcelo Odebrecht é condenado a 19 anos e 4 meses de prisão

Mapa da propina

A Odebrecht no mundo

Onde há investigações

da lava-jato

Já há investigações sobre o pagamento de propinas pela Odebrecht

Há informações sobre crimes, mas não há investigação formal

Estados

Unidos

México

República

Dominicana

Guatemala

Venezuela

Panamá

Colômbia

Equador

Peru

Brasil

Argentina

Colômbia

As investigações envolvem os dois últimos governos. Vice-ministro de Transportes durante o governo de Álvaro Uribe, que acabou em 2010, Gabriel García Morales foi preso em 13 de janeiro acusado de receber US$ 6,5 milhões (R$ 20 milhões) para favorecer a Odebrecht nas obras da Estrada do Sol. Já a campanha do atual presidente, Juan Manuel Santos, teria recebido US$ 1 milhão oriundo de propina.

Argentina

O presidente Maurício Macri foi implicado pela denúncia de que seu chefe da inteligência, Gustavo Arribas, recebeu US$ 600 mil (R$ 1,8 milhão) do operador Leonardo Meirelles em 2013, quando não era do governo.

República dominicana

A Odebrecht se comprometeu a pagar US$ 184 milhões (R$ 573 milhões) em um acordo com o governo local, após admitir os crimes. Como o texto ainda não foi homologado pela Justiça, os nomes dos políticos corrompidos não são públicos.

Equador

A Procuradoria do Equador diz que investiga “altos funcionários do governo”. Os investigadores pediram colaboração da Espanha para ouvir o depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado pela Lava-Jato como intermediário do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propina da empresa.

Peru

As investigações estão adiantadas e já resultaram no pedido de prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, suspeito de receber US$ 20 milhões de prepostos da Odebrecht.

Panamá

O ex-presidente do Ricardo Martinelli foi relacionado às investigações porque seu irmão, Mario, e seus filhos Ricardo Alberto e Luís Enrique, foram acusados de receber US$ 11 milhões e € 9 milhões (cerca de R$ 64 milhões) por meio de offshores administradas pela Odebrecht.

MÉxico e guatemala

Embora não tenham investigações formais, México e Guatemala dizem estar levantando informações sobre os crimes

Já há investigações sobre o pagamento de propinas pela Odebrecht

Outros países onde a Odebrecht atua

Portugal

Angola

Moçambique

Portugal

O Ministério Público investiga contratos firmados por subsidiárias das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, entre 2005 e 2011, durante o governo do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Ele foi preso no ano passado, acusado de corrupção e fraude fiscal.

Valores das Propinas

Propina paga

Em US$ milhões

Brasil

349

2003 a 2016

Angola

50

2006 a 2013

Argentina

35

2007 a 2014

Colômbia

11

2009 a 2014

Rep. Dominicana

92

2001 a 2014

Equador

33,5

2007 a 2016

Guatemala

18

2013 a 2015

México

10,5

2010 a 2014

Moçambique

900

2011 a 2014

Panamá

59

2010 a 2014

Peru

29

2005 a 2014

Venezuela

98

2006 a 2015

Outros países

439

2001 a 2016

Em US$ milhões

Quanto ganhou

Em US$ milhões

Brasil

1,9 bi

2003 a 2016

Angola

261,7

2006 a 2013

Argentina

278

2007 a 2014

Colômbia

50

2009 a 2014

Rep. Dominicana

163

2001 a 2014

Equador

116

2007 a 2016

Guatemala

34

2013 a 2015

México

39

2010 a 2014

Moçambique

2011 a 2014

Panamá

175

2010 a 2014

Peru

143

2005 a 2014

Venezuela

2006 a 2015

Outros países

1,4 bi

2001 a 2016

Lava-jato

Juiz

Sérgio

Moro

Nov/2014

A Lava-Jato prende empreiteiros de OAS, Camargo Correa, Queiroz Galvão, entre outras. Policiais apreendem documentos na sede da Odebrecht, no Rio

Jun/2015

Marcelo Odebrecht é preso. PF e MPF afirmam que Odebrecht e Andrade Gutierrez pagavam propina a diretores da Petrobras via contas bancárias no exterior

Maria

Lúcia G.

Tavares

Fev/2016

Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht, é presa em fevereiro. Logo depois, assina acordo de delação e fala sobre o setor de contabilidade paralela da empresa

Mar/2016

Marcelo Odebrecht é condenado a 19 anos e 4 meses de prisão

Marcelo

Odebrecht

2/dez/2016

77 executivos da Odebrecht assinaram acordo de delação premiada

Confira abaixo os oito compromissos divulgados pelo MPF:

"1. Assumir o compromisso de brindar-se com a mais ampla, célere e eficaz cooperação jurídica internacional no caso Odebrecht e no caso Lava Jato, em geral.

2. Promover a constituição de equipes conjuntas de investigação, bilaterais ou multilaterais, que permitam investigações coordenadas sobre o caso Odebrecht e o caso Lava Jato, de acordo com o disposto no art. 49 da Convenção de Mérida e outras normas legais e instrumentos internacionais aplicáveis.

3. Que as equipes conjuntas de investigação atuarão com plena autonomia técnica e no desempenho de sua independência funcional, como principio retor dos Ministérios Públicos e Fiscalias subscritores desta declaração.

4. Reforçar a importância de utilizar outros mecanismos de cooperação jurídica internacional vigentes, especialmente a realização de comunicações ou informações espontâneas.

5. Aplicar o artigo 37 da Convenção de Mérida na execução e seguimento dos pedidos de cooperação jurídica internacional oriundos dos países signatários, requerentes e requeridos, segundo sua legislação interna.

6. Exortar os cidadãos a apoiar suas instituições de persecução penal nas atuações que têm sido conduzidas contra a corrupção nos países subscritores.

7. Insistir na recuperação de ativos e na reparação integral dos danos causados pelos ilícitos, incluindo o pagamento de multas, segundo a legislação de cada país.

8. Reafirmar o respeito irrestrito ao princípio da legalidade, ao devido processo legal e aos direitos humanos, especialmente na luta contra a corrupção e a criminalidade organizada transnacional."