Política

‘Vai ser preciso mais que um princípio de incêndio para parar a Lava-Jato’, diz delegado da PF

Na operação Blackout, sede da PF fica sem internet e não transmite coletiva

Prédio da superintendência da Polícia Federal em Curitiba teve princípio de incêndio na madrugada desta segunda-feira
Foto: Michel Filho/Agência O Globo
Prédio da superintendência da Polícia Federal em Curitiba teve princípio de incêndio na madrugada desta segunda-feira Foto: Michel Filho/Agência O Globo

CURITIBA E SÃO PAULO - Durante coletiva da nova fase da Operação Lava-Jato nesta quinta-feira, o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula disse que ‘vai ser preciso mais que um princípio de incêndio para parar a equipe’. A sede da PF em Curitiba foi atingida por um princípio de incêndio na última segunda-feira, mas os policiais garantiram que não houve prejuízos à operação.

— Quanto ao evento mais recente, eu costumo falar com o pessoal da equipe aqui que ‘o bom marinheiro não se faz em águas calmas, ele se faz nas tormentas’. Vai ser preciso mais que um princípio de incêndio para parar a equipe da Lava Jato — declarou o delegado, negando ainda boatos de esvaziamento da operação.

Por causa do incêndio, a sede da PF ainda encontra-se com problemas de energia nesta quinta-feira, justamente na operação chamada Blackout, cujos alvos são operadores com sobrenomes “Luz”. Ainda sem sinal de internet, a coletiva de imprensa não pode ser transmitida pelo Youtube, como ocorre tradicionalmente.

A nova etapa, a 38ª, denominada de Blackout é uma referência ao sobrenome de dois dos operadores financeiros do esquema: Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho respectivamente. Eles estão nos Estados Unidos e já são considerados foragidos . Foram expedidos ainda 15 mandados de busca e apreensão.

Apesar da frase, o delegado amenizou boatos de possível interferência da direção da instituição na saída de membros da equipe da Lava-Jato, como o delegado Marcio Ancelmo, que na semana passada anunciou a mudança para a corregedoria da PF no Espírito Santo.

— Há um fato que não pode ser negado: a operação Lava-Jato aconteceu durante a administração atual, do doutor Leandro [Daiello, diretor-geral da PF] e ela prosseguiu na administração do doutor Leandro, então não há o que se falar em nenhum tipo de ação para prejudicar – disse.

Durante a coletiva, o superintendente da PF no Paraná Rosalvo Ferreira Franco agradeceu publicamente ao trabalho de Ancelmo na divisão da corporação.

— Quero agradecer pela sua capacidade de trabalho e a sua lealdade – disse ao delegado, que estava na plateia.

Segundo os diretores da PF, apesar de o princípio de incêndio ter afetado a parte elétrica, de logística, informática, e de telefonia do prédio, as atividades – como emissão de passaportes – devem ser totalmente normalizadas a partir da próxima semana. Ele declarou que a perícia técnica já recolheu materiais para avaliação, mas que não há previsão para conclusão da investigação sobre a causa do fogo.

O delegado Maurício Moscardi Grillo, que foi um dos primeiros a chegar a sede da PF quando avisado do princípio de incêndio, contou que a primeira determinação dada por ele foi de transferir os presos que estavam na carceragem para o auditório do prédio, onde eles permaneceram a madrugada com uma equipe de escolta.

— A parte da custódia [carceragem] foi a menos atingida. De resto, todo o prédio ficou com cheiro forte de borracha queimada e alguma fuligem — detalhou.