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Inspirada em ‘Piratas do Caribe’, novela ‘Novo Mundo’ terá aventura histórica em alto mar

História começa com a vinda da futura imperatriz Leopoldina ao Brasil
Travessia. Piatã (Rodrigo Simas) e Anna (Isabelle Drummond) são irmãos de criação:
Travessia. Piatã (Rodrigo Simas) e Anna (Isabelle Drummond) são irmãos de criação:

RIO — A vinda da futura imperatriz Leopoldina (papel de Letícia Colin), que atravessou o Atlântico, no início do século XIX, para se casar com Dom Pedro I (Caio Castro) no Brasil, antes mesmo de conhecê-lo, é o ponto de partida de “Novo mundo”, a substituta de “Sol nascente” no horário das 18h da Globo . Escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, a trama tem como pano de fundo a Independência do Brasil. Ambientada no Rio de Janeiro entre 1817 e 1822, a história estreia no dia 22 de março.

A nau D. João VI é o meio de transporte da princesa austríaca. Originalmente com 60 metros de comprimento, a embarcação foi parcialmente reconstruída em terra firme num terreno dos Estúdios Globo. Foram necessários dois meses de projeto e outros três de construção do cenário com 25 metros de comprimento e 10 de largura.

— Pensamos na opção de montar a nau dentro d’água ou até em um estúdio, mas teríamos que desmontar tudo depois da novela. Avaliamos que essa seria a melhor maneira — conta o cenógrafo Paulo Renato, que liderou, com Marcia Inoue, uma equipe de 100 profissionais. — O navio é muito importante para a história. É o veículo de ligação dos personagens com o novo mundo.

EMBARCAÇÃO 3 EM 1

O posicionamento das câmeras e a inserção do mar com a ajuda de computação gráfica dará ao público a sensação de que o navio está mesmo atravessando o Atlântico. As áreas internas da embarcação foram reproduzidas em estúdio.

Joaquim (Chay Suede) embarca para o Brasil por acaso Foto: Divulgação
Joaquim (Chay Suede) embarca para o Brasil por acaso Foto: Divulgação

— Tudo o que construímos funciona e seguimos as mesmas proporções da nau original do século XIX. Fizemos dois mastros com 12 metros, parte da proa e do porão... O restante da nau será aplicado com auxílio de computação gráfica — explica Paulo Renato, no cenário da novela: — É um navio que comportaria 74 canhões e teria capacidade para transportar 700 pessoas.

O cenógrafo diz que todos os objetos, das lanternas de época aos objetos náuticos, passando pelo tecidos usados nas velas, foram construídos para novela. Até as bandeiras com o brasão da coroa portuguesa fram reproduzidas.

Uma consultoria náutica foi acionada para acompanhar as gravações.

— Temos dois capitães que nos ajudam na parte prática. Eles içam as velas, acompanham o elenco no manejo das cordas... — conta o cenógrafo.

A embarcação ficará fixa nos Estúdios Globo para ser usada em futuras produções depois das gravações de “Novo mundo”. Além de servir como a nau D. João VI na novela, o cenário terá as funções de cargueiro e de navio pirata.

— Vamos mudar a decoração para marcar a diferença entre os três navios — diz Paulo Renato.

A nau abriga boa parte das cenas de ação dos primeiros capítulos da trama.

— Será uma novela inédita do ponto de vista visual — promete o diretor artístico Vinícius Coimbra, o mesmo de “Liberdade, liberdade”(2016): — O público verá embarcações, piratas, uma série de coisas que a gente ainda não fez em uma grande produção da Globo.

Coimbra conta que a franquia “Piratas do Caribe” serviu de inspiração para a novela, que vai misturar personalidades históricas com personagens ficcionais.

— Aquele tipo de aventura dos filmes inspirou a gente, nossos personagens viverão dramas e romances, mas terão humor. O mocinho pedirá a mocinha em casamento durante um duelo.

Os protagonistas são totalmente ficcionais: Anna Millmann (Isabelle Drummond) é a professora de português de Leopoldina, e se apaixona pelo ator de commedia dell’arte Joaquim (Chay Suede). Eles se aproximam durante o trajeto entre a Europa e América do Sul. A mocinha também será alvo do interesse do comandante da marinha inglesa Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), o vilão da novela.

Johnson (Gabriel Braga Nunes) e Capitão (Murilo Grossi) Foto: Divulgação
Johnson (Gabriel Braga Nunes) e Capitão (Murilo Grossi) Foto: Divulgação

O diretor conta que “Novo mundo” terá um tratamento de fábula, em oposição ao tom mais realista visto em “Liberdade, liberdade”.

— Terá mais romance e um quê de aventura fantástica, eu diria. Mas acho importante que as pessoas acreditem no que estão vendo. A própria questão dos piratas tem certo ar de fábula. Uma fantasia vai permear a história — avisa.

Os personagens vão aparecer suados e com as roupas sujas em cena para garantir a veracidade da trama.

— São pessoas que ficaram três meses no mar sem tomar banho — emenda o diretor, para em seguida garantir: misturar personagens de ficção com figuras históricas não foi um problema.

— Todos são tão ricos, complexos. Nos inspiramos nos documentos históricos. A gente passa muito brevemente por esses fatos quando estuda História na escola. O próprio retrato da independência foi glamourizado no cinema e nos livros. Se você for se aprofundar, Dom Pedro estava em cima de uma mula, não era um cavalo branco.