23/02/2017 07h30 - Atualizado em 23/02/2017 13h13

Após morte do filho, mulher volta a estudar: 'ele me inscreveu e se foi'

Heder estava presente durante as provas, mas não viu aprovação da mãe.
Engenheira conta que o filho realizou a inscrição; "estou estudando por ele".

Do G1 TO

Filho não viu aprovação da mãe no curso de jornalismo (Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)Filho não viu aprovação da mãe no curso de jornalismo (Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)

Uma engenheira agrícola e maquiadora de 42 anos voltou a estudar ao ser aprovada no curso de Jornalismo na Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus Palmas. O que chama atenção na história é que a decisão de ingressar na faculdade foi tomada após a perda do filho. Foi Heder de Oliveira Silva quem inscreveu a mãe no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele morreu meses depois, em maio do ano passado, vítima de infarto. "Estou estudando por que ele pediu. Sei que ele está muito orgulhoso".

Amanda Oliveira Santos conta que o filho, de 22 anos, estudante de engenharia elétrica, sempre insistia que ela voltasse a estudar. Com a ajuda da irmã, Caroline Oliveira, ele realizou a inscrição no Enem de 2015 sem que a mãe soubesse. "Depois eu recebi um email com a confirmação da inscrição. Ele sempre me falava: 'mãe faz jornalismo, por que a senhora gosta muito de falar e escrever . Ele dizia que eu fazia uma redação até para mandar uma mensagem de celular'", lembra.

Aos 18 anos, o jovem que dava forças para a mãe retornar aos estudos já havia sido aprovado em universidades federais de quatro capitais do Brasil. Amanda conta que ele era um exemplo. "Ele estava presente quando fiz as provas, mas infelizmente não viu minha aprovação. Ele me inscreveu e se foi".

Jovem lutou pela vida, mas não resistiu e morreu em 2015 (Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)Jovem lutou pela vida, mas não resistiu
(Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)

Amanda argumenta que foi aprovada em um momento muito difícil. Ela relembra que no dia da matrícula não conseguiu segurar as lágrimas. "Era como se eu tivesse vendo ele lá. Fui me lembrando de tudo, da vontade que ele tinha que eu voltasse a estudar e voltei. Ele ia achar muito bom estar lá estudando comigo na mesma universidade".

Com o inicio das aulas neste mês de fevereiro, nove meses do falecimento do jovem, ela lembra da importância do filho na carreira profissional. "Ele sabia que eu me identificava com público. Ele ria. Nos últimos dias ele criou um perfil na web sobre maquiagem para mim. Ele iria fazer as postagens sem que eu tivesse a senha e brincava: 'mãe agora a senhora alcança a fama'", conta.

Agora, devidamente matriculada, Amanda conta que vai para a faculdade junto com a filha Caroline, que estudava junto com Heder. A filha mais velha, Hayalla Oliveira, já formada em direito também dá apoio para a continuação dessa etapa.

Luta pela vida
No final de 2014, Heder Oliveira começou a ter que lutar pela vida. Ele foi diagnosticado com trombose venosa, que era início de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Com a ajuda de medicamentos, o fluxo sanguíneo do jovem foi estabilizado e ele voltou a ter uma rotina normal sem sequelas da doença.

Um mês após o infarto, o rapaz foi submetido à cirurgia de revascularização do coração, mas surgiram complicações. Ele contraiu infecção hospitalar e teve derramamento pleural pulmonar e precisou voltar para a UTI. Ele perdeu parte da visão e movimentos de um braço. A mãe conta que o jovem teve os sonhos interrompidos em maio de 2016. "Ter ele aqui comigo hoje seria a maior felicidade da minha vida. Creio que eu seria um grande orgulho pra ele".

Família de Heder apoia Amanda na graduação (Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)Família de Heder apoia Amanda na graduação (Foto: Amanda Oliveira/Arquivo pessoal)

 

 

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