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Leco e Pimenta lançam candidaturas à presidência do São Paulo nesta quarta

Em eventos separados por 290 metros, atual presidente e adversário da oposição darão passo inicial para tentarem ser eleitos em abril; meta será implementar estatuto

Por São Paulo

Quatro minutos de caminhada, uma distância de 290 metros, vão separar na noite desta quarta-feira os lançamentos das candidaturas de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e José Eduardo Mesquita Pimenta, que disputam a presidência do São Paulo.

Os eventos, marcados para às 19h (situação) e 19h30 (oposição), vão acontecer num bairro da zona sul de São Paulo. Será, provavelmente, o instante de maior proximidade entre ideias e posturas tão distintas a ponto de protagonizarem uma verdadeira batalha nos bastidores até a eleição, que acontecerá na segunda quinzena de abril, muito provavelmente no dia 17.

A principal tarefa do próximo presidente será implementar o novo estatuto, confeccionado no fim do ano passado pela atual diretoria e aprovado por sócios e conselheiros. Elogiado até pela oposição, ele prevê uma gestão mais profissional.

Leco Pimenta São Paulo (Foto: Diogo Venturelli e Divulgação)Leco (esq) e Pimenta (dir) são candidatos à presidência do São Paulo (Fotos: Diogo Venturelli e Divulgação)


Algumas de suas principais mudanças:

– mandato único de três anos, sem direito à reeleição.

– a partir de 2020, a eleição passa a ser realizada em dezembro, e não mais em abril.

– cria o Conselho de Administração, que definirá as metas de gestão e fiscalizará a diretoria. Ele é composto pelo presidente, o vice, três membros eleitos e indicados pelo Conselho Deliberativo, um membro eleito e indicado pelo Conselho Consultivo, e três membros independentes, remunerados ou não, e sem quaisquer vínculos com diretores e conselheiros.

– cria a Diretoria Executiva, formada por três a nove profissionais contratados no mercado, remunerados e com dedicação exclusiva ao clube.

São Paulo de Verdade

Lançamento campanha de Leco para presidente do São Paulo (Foto: Divulgação)Lançamento da campanha de Leco para presidente do São Paulo, nesta quarta (Foto: Divulgação)

Esse é o nome da campanha de Leco à reeleição. Em outubro de 2015, ele teve papel importante na renúncia do então presidente Carlos Miguel Aidar, acusado de corrupção. Assumiu interinamente por ser presidente do Conselho, convocou eleições e se candidatou, derrotando Newton do Chapéu e assumindo a parte final do mandato de Aidar.

A missão principal era reduzir a dívida do clube, estimada em R$ 170 milhões no momento da renúncia, e em torno de R$ 140 milhões no fim de 2016. No departamento de marketing, conseguiu sair de zero patrocinadores de uniforme para seis.

E  fez três grandes investimentos no futebol: Maicon (R$ 22 milhões), Cueva (R$ 8,8 milhões) e Lucas Pratto (R$ 20,5 milhões). Em 2016, o time foi à semifinal da Libertadores, mas passou por maus bocados no Campeonato Brasileiro, quando chegou a temer o rebaixamento para a Série B.

Agora, aposta na comissão técnica capitaneada por Rogério Ceni, ídolo que retornou um ano depois de sua aposentadoria como goleiro para treinar a equipe. O São Paulo encara uma das maiores secas de títulos da história. O último foi a Copa Sul-Americana de 2012.

Na semana passada, o presidente de 79 anos conseguiu uma grande vitória nos bastidores: o retorno de Roberto Natel, seu ex-vice-presidente. Natel havia deixado a gestão para se lançar candidato, mas abriu mão e será vice de Leco. O presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Abranches Pupo Barboza, também tentará a reeleição no cargo na chapa da situação.

São Paulo Unido e Vencedor

Lançamento da campanha de Pimenta para presidente do São Paulo (Foto: Divulgação)Lançamento da campanha de Pimenta para presidente do São Paulo (Foto: Divulgação)

Aos 78 anos, com esse slogan, Pimenta tenta voltar ao cargo. Entre 1990 e 94, ele presidiu o São Paulo que, sob comando do técnico Telê Santana, colecionou títulos nos cenários nacional e internacional (entre eles, um Brasileiro, duas Libertadores e dois Mundiais). Foi o período mais glorioso do clube do Morumbi.

Logo em seguida, porém enfrentou uma polêmica. Acusado de negociar comissão numa transferência do atacante Mário Tilico para a Espanha, foi expulso do clube.

Meses depois, Pimenta retornou ao Conselho ao apresentar um laudo que apontava adulteração na fita original gravada com seu pedido de comissão.

O principal financiador de sua campanha é Abílio Diniz, que ajudou a eleger Aidar (2014) e Leco (2015), mas rompeu com ambos, por conta das denúncias administrativas no caso do primeiro, e por ter sido deixado de lado de decisões do futebol, no caso do atual presidente. Isso significa que Alexandre Bourgeois, CEO demitido duas vezes em 2015, primeiro por Aidar e depois por Leco, colocado no clube por Abílio, tem papel importante na campanha.

Também fazem parte o coordenador geral José Roberto Ópice Blum, presidente da comissão de ética que elaborou relatório que culminou na expulsão de Aidar e Ataíde Gil Guerreiro do Conselho Deliberativo, e coordenadores como Antônio Donizeti Gonçalves, braço-direito da gestão de Aidar, e Newton do Chapéu, candidato derrotado na última eleição.