Política

Uruguai prevê cooperação com Brasil para sair da lista de paraísos fiscais

Governo lançou campanha por mais transparência nas operações financeiras
Carlos Diáz, secretário nacional Antilavagem do Uruguai Foto: Walter Paciello/Presidência do Uruguai
Carlos Diáz, secretário nacional Antilavagem do Uruguai Foto: Walter Paciello/Presidência do Uruguai

RIO — O secretário nacional Antilavagem do Uruguai, Carlos Diaz, disse que está disposto a ceder as instalações e os acervos do órgão para os investigadores brasileiros tão logo o pedido de cooperação do Ministério Público Federal (MPF) do Brasil chegue oficialmente. A principio, a porta de entrada da cooperação é o Ministério Público Federal uruguaio, que tem uma unidade especializada no combate à lavagem, a cargo do procurador recém-empossado Luis Pacheco. Mas Diaz tem interesse em se somar ao trabalho, uma vez que é a referência da campanha desencadeada pelo governo nacional para dar mais transparência às operações financeiras.

Advogado, Carlos Diaz é um dos responsáveis pelo projeto de lei “Transparência fiscal internacional e prevenção de lavagem de ativos e financiamento ao terrorismo”, ponta de lança da campanha que pretende retirar o Uruguai definitivamente da lista de paraísos fiscais. Uma das mudanças propostas cria normas que identifiquem o beneficiário final das empresas offshore residentes no país, mudança que acaba com a cultura do sigilo usada há anos para esconder os donos do dinheiro movimentado ilegalmente.

Carlos Diaz irá ao parlamento uruguaio em março para defender a aprovação do projeto. Existe, porém, lobby forte, exercido principalmente por alguns escritórios de advocacia especializados na abertura de offshores, contra a mudança.

O tempo é curto, reconhece Diaz. No início do ano que vem, o Grupo de Ação Financeiras sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI), ligado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), iniciará uma auditoria no Uruguai para constatar se o país cumprir o prometido para ter o nome retirado da lista das nações que lavam dinheiro sujo. O Uruguai foi incluído na lista em 2009, junto com a Costa Rica, sob a acusação de não respeitar os regulamentos internacionais fixados pelo Foro Global de Transparência e Intercâmbio de Informações.