Jairo Bouer

Contra o HPV, vírus causador de câncer, duas doses de vacina bastam

Contra o HPV, vírus causador de câncer, duas doses de vacina bastam

Elas são suficientes para garantir proteção contra o vírus responsável pela doença transmitida pelo sexo (DST) mais comum nos dias de hoje

JAIRO BOUER
27/02/2017 - 10h00 - Atualizado 27/02/2017 13h48

Duas doses da vacina contra o HPV, o vírus que pode causar alguns tipos de câncer, já são suficientes para garantir proteção contra o vírus responsável pela doença transmitida pelo sexo (DST) mais comum nos dias de hoje. Antes, eram três aplicações. O esquema mais simples de vacinação deve aumentar o número de jovens imunizados. 

A nova recomendação foi divulgada nos Estados Unidos pelo Comitê Assessor de Práticas de Imunização (Acip) e foi endossada pela Sociedade Americana do Câncer. Dados revelam mais de 19 mil casos por ano de mulheres com câncer causados pelo HPV, em geral no colo do útero. Entre os homens, são 8 mil casos por ano, a maioria de orofaringe (boca e garganta). Além deles, o HPV está relacionado a outros tipos de câncer, como de vagina, vulva, pênis e ânus.

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Apesar da segurança e eficácia da vacina, as taxas de vacinação seguem baixas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que na primeira “onda” de vacinação, em 2014, mais de 90% do público-alvo recebeu a primeira dose. No ano seguinte, esse número não chegou a 70%. A taxa de garotas que receberam a segunda dose gira em patamares ainda mais baixos, em torno de 50%. Por aqui, desde o início de 2016, o protocolo de vacinação foi alterado e os jovens já passaram a receber apenas duas doses. A partir deste ano, os meninos de 12 e 13 anos também foram incluídos no esquema de vacinação gratuita na rede pública. Nos Estados Unidos, apenas 28% dos meninos e 42% das meninas completaram o ciclo de vacinação com três doses em 2015. Só três estados americanos exigem vacinação dos estudantes, nos demais ela é facultativa.

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Em uma tentativa de facilitar o esquema de vacinação e aumentar o número de crianças protegidas, o Acip e os Centros de Controle de Doenças (CDC) realizaram uma extensa revisão dos trabalhos publicados e concluíram que, dos 9 aos 14 anos, duas doses alcançam respostas tão boas ou até melhores do que as atingidas com três doses na faixa dos adultos jovens, de 16 a 26 anos. O ideal é que ela seja aplicada antes do início da vida sexual, daí a tentativa de vacinar no final da infância ou início da adolescência. A recomendação do FDA (agência americana reguladora de alimentos e medicações) de duas doses, com intervalo de seis meses entre elas, já havia sido divulgada no final de 2016 e, agora, passa a ser também a posição oficial dos demais comitês e sociedades médicas.

A terceira dose, aqui e nos Estados Unidos, continua a ser recomendada para os jovens que começam a receber a vacina a partir dos 15 anos e para aqueles de 9 a 26 anos que vivem com o vírus HIV (que têm lesões mais frequentes pelo HPV e com maior risco de desenvolver câncer).

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