Por France Presse


Polícia utilizou bombas de gás para conter manifestação — Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

A oposição venezuelana iniciou neste sábado (1) uma série de protestos para exigir ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) que respeite a autonomia do Parlamento, onde é maioria, e para pedir eleições, que considera a "única saída" para a crise política.

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acionaram a chamada cláusula democrática contra a Venezuela, dentro do Mercosul. Os quatro países apontam "ruptura da ordem democrática" na Venezuela depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), instância máxima do judiciário do país, assumiu os deveres da Assembleia Nacional, que tem maioria de oposição ao presidente Nicolás Maduro.

A decisão contra a Venezuela foi tomada apesar de mais cedo neste sábado o TSJ ter recuado da decisão de intervir no Parlamento do país.

Manifestantes pedem eleições gerais

"Eleições gerais, nada de diálogo. Eles violaram a Constituição tentando anular o Parlamento e agora voltam atrás, mas continuamos em ditadura", disse à AFP Eugenia Salazar, aposentada de 67 anos que compareceu a uma sessão legislativa realizada pela maioria opositora da Assembleia em uma praça de Caracas.

Manifestantes foram às ruas de Caracas, neste sábado (1) — Foto: JUAN BARRETO / AFP

No debate, onde havia cerca de mil pessoas, os deputados propuseram remover os magistrados da Sala Constitucional do TSJ, que esta semana emitiram uma sentença com a qual assumiram as funções do Legislativo, embora tenham se retratado depois, após uma reunião entre os poderes públicos.

"Esses magistrados cometeram um delito e têm responsabilidade penal, na terça-feira devemos iniciar o processo para destitui-los", expressou Stalin González, líder da bancada opositora, que foi aplaudido.

Embora desconheça as decisões do Supremo, Néstor Ramos, de 67 anos, compareceu à sessão para pedir eleições, "cansado de não conseguir" seus remédios.

"Sou diabético e não consigo insulina. (...) Isto nunca tinha acontecido aqui. Não me importa o TSJ, quero eleições e que vão todos embora", disse à AFP.

Manifestantes contrários ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foram bloqueados pela polícia (1) — Foto: JUAN BARRETO / AFP

Após a sessão, os deputados e parte dos manifestantes tentaram caminhar até a Defensoria do Povo para pedir ao seu titular, Tareck William Saab, que rejeite as sentenças judiciais, como fez na sexta-feira a procuradora-geral, Luisa Ortega, ligada ao chavismo, que as considerou uma "ruptura da ordem constitucional".

No entanto, militares e policiais impediram a passagem dos manifestantes e os dispersaram com gases lacrimogêneos, que atingiram vários deputados.

A reação de Ortega motivou uma reunião na sexta-feira do Conselho de Defesa, convocada por Maduro, na qual os poderes do Estado - exceto o Legislativo - exortaram o TSJ a revisar as sentenças.

Durante a manifestação, o presidente do Parlamento, Julio Borges, disse que o "golpe de Estado" - como qualificou os ditames - continua, apesar do tribunal ter se retratado, e pediu que os protestos sejam mantidos.

Os deputados decidiram marchar na terça-feira até o Parlamento para iniciar a discussão sobre os magistrados.

Sua remoção requereria a autorização do Poder Cidadão, formado pela procuradora, o defensor e o auditor fiscal do Estado, acusados pela oposição de servir ao chavismo.

Também houve pequenos protestos em vários estados do país.

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