Edição do dia 30/03/2017

31/03/2017 00h54 - Atualizado em 31/03/2017 00h54

Juiz Sérgio Moro condena Eduardo Cunha a 15 anos de prisão

Ele é condenado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. É a primeira condenação dele na Lava Jato.

Malu MazzaCuritiba

O juiz Sérgio Moro condenou nesta quinta (30) o outrora todo poderoso ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. É a primeira condenação dele na Lava Jato. 

Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Segundo as investigações, o ex-deputado recebeu e movimentou, em contas na Suíça, 1,5 milhão de dólares de propina vinda da compra, pela Petrobras, de parte de um campo de petróleo em Benin, na África, em 2011.

O negócio deu à empresa um prejuízo de 77,5 milhões de dólares, de acordo com uma auditoria da Petrobras.

Na decisão desta quinta-feira (30), o juiz Sérgio Moro determinou o confisco de valores bloqueados em contas na Suíça ligadas a Cunha e proibiu o ex-deputado de exercer cargo ou função pública pelo dobro do tempo em que ficar preso, com base na lei de lavagem de dinheiro.

Ao ser ouvido no processo, Eduardo Cunha afirmou que o dinheiro que recebeu era a devolução de um empréstimo que havia concedido ao ex-deputado federal Fernando Diniz, do PMDB de Minas Gerais, que morreu em 2009.

Na sentença, o juiz Sérgio Moro disse que o álibi é insustentável, porque Eduardo Cunha não apresentou provas, deu explicações vagas para as transferências e entrou em contradição.

Além do processo em que foi condenado, Cunha é réu em mais duas ações penais, uma no Rio e outra em Brasília. E é investigado em pelo menos cinco inquéritos, dois deles estão no STF. Cunha está preso desde outubro do ano passado.

E segundo o juiz Sérgio Moro, ele deve continuar na cadeia por ter tentado ameaçar e chantagear autoridades e testemunhas e porque ainda pode ter outras contas secretas no exterior.

Eduardo Cunha começou a carreira pública no governo Collor, nos anos 90. Em 2003, chegou à Câmara dos deputados, onde formou uma base que garantia maioria em votações.

Em 2015, conquistou a presidência da Câmara, derrotando o candidato do Palácio do Planalto.
Sem ter ideia do que viria pela frente, em março daquele ano, Eduardo Cunha depôs espontaneamente à CPI da Petrobras e negou ter dinheiro fora do país.

Porém, ele foi desmentido por diversas provas e passou a ser investigado no Conselho de Ética. Ele foi afastado da presidência da Câmara em maio de 2016. E em setembro, teve o mandato cassado.

Os advogados do ex-deputado afirmaram que vão recorrer da sentença. E que a velocidade com que o juiz Sérgio Moro deu a sentença mostra parcialidade na condução do processo.