É o típico “falso-9”. O termo, surgido para descrever a movimentação de Lionel Messi num clássico com o Real Madrid em 2009, cunha esse tipo específico de movimentação: ser o jogador mais avançado do time no momento defensivo e atuar como um armador, um “camisa 10” com ela. É diferente de um jogador de mais movimentação quando joga na referência. O “falso-9” avança e recua, sempre buscando confundir a zaga do adversário.

O movimento confunde o que a defesa adversária faz, ainda mais defesas que atacam o espaço e tentam se manter alinhadas, como é o caso do Palmeiras. A imagem abaixo mostra como isso acontece: Corinthians no ataque, bola pela esquerda. Michel Bastos, o lateral, sai para pressionar a bola em seu setor, e Thiago Martins faz o mesmo, pressionando Rodriguinho. Agora veja o buraco entre os dois zagueiros do Palmeiras: um espaço imenso para fagner atacar e sair livre na cara do gol, como aconteceu várias vezes.

O “falso-9” lida com esses encaixes e essa pressão em cada setor. Ao tirar a referência de quem estará sempre na cola da zaga, a defesa adversária fica sem a quem marcar. Nisso, ou dá espaço para quem vem de frente - como Rodriguinho fez no belo primeiro gol - ou sai para pressionar o primeiro que pisa o setor, abrindo um buraco e quebrando a linha.

Foi o que aconteceu em boa parte do jogo após o gol do Corinthians. Arbitragem à parte, o melhor time venceu o clássico, derrubou a invencibilidade do Palmeiras e mostra caminhos: primeiro, de que o Palmeiras não está pronto (NENHUM TIME está pronto em 24 de fevereiro). Segundo, de que o Corinthians talvez não precise de Diego Tardelli ou outro camisa 9 quando há boas ideias e uma execução ainda melhor em campo.