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Por Amanda Kestelman e Bruno Giufrida — Rio de Janeiro


O Flamengo montou um elenco com nomes consagrados para ser campeão em 2017, liderado por Guerrero e Diego. Há cerca de 15 dias, esse time foi colocado à prova: teve de encarar, em sequência, partidas decisivas pela Libertadores e as finais do Campeonato Carioca. O resultado determinaria o rumo da equipe no restante da temporada. Afinal, poderia ir do céu ao inferno: começar um ano com um título ou o risco de uma eliminação precoce. Conseguiu, porém, seguir o bom caminho: conquistou o título do estadual e chegou à última rodada da fase de grupos da competição continental dependendo apenas das próprias forças.

Depois da derrota por 2 a 1 para o Atlético-PR na Arena da Baixada, no dia 26 de abril, pela Libertadores, o Flamengo teve que mudar o foco e encarar o Fluminense na primeira partida da final do Carioca, no domingo seguinte. Venceu e mudou novamente a chave para o torneio mais importante do ano: ganhou da Universidad Católica três dias depois, no Maracanã, e se aproximou de uma vaga nas oitavas. No outro fim de semana, passou pelo Tricolor mais uma vez e foi campeão estadual.

Mas nem deu muito tempo para comemorar. Depois das estreias na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro, o Flamengo volta à Libertadores nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília), e encara o San Lorenzo para garantir a ida ao mata-mata. O principal objetivo da comissão técnica é não deixar o ritmo diminuir, mesmo com o alto nível de desgaste físico e mental por causa da sequência. Esse, porém, não é só o lema para o jogo desta noite, mas para o ano todo.

Pará se emocionou no vestiário do Flamengo após o título do Campeonato Carioca — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

- Tem a frase “a sua realidade é onde está a sua atenção”. Isso é um mantra. Na academia, no campo, na preleção, no pré-jogo. Quais são os valores deste grupo? Esse grupo tem valores sólidos, alinhados. O comprometimento, o companheirismo. E diversas lideranças. Tem a liderança do Zé, do presidente, do Rodrigo (Caetano, diretor executivo). Aconteça o que acontecer, tem de ter coragem. Por mais que a situação seja difícil... Não dá para relaxar. É lembrar do senso de comprometimento e dos valores. É sempre lembrar dos valores. A coragem é um valor nosso? A atitude é um valor nosso? O companheirismo é um valor nosso? Os nossos parceiros do Bope têm uma frase: “vai que eu tô aí”. E aqui é assim - explica Fernando Gonçalves, coordenador de psicologia do Flamengo, citando o Batalhão de Operação Especial da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

No ano passado, o atual elenco rubro-negro ainda estava sendo montado para que os títulos voltassem em 2017: Romulo e Trauco não tinham sido contratados, Guerrero não estava tão em alta... Durante a pré-temporada, então, a equipe foi preparada com palestras, por exemplo, para encarar decisões e não se abalar.

- Na pré-temporada, sabíamos que o sarrafo seria maior, a cobrança seria maior. Evidente que quando se aproxima (das decisões) isso fica mais aflorado, mas desde janeiro todos nós sabíamos que o nível de exigência seria muito maior. Agora, a questão é o que chamamos de tentar ficar confortável no desconforto. É essa questão de ficar confortável mesmo antes de jogos tão decisivos. A única maneira é ser alinhado a seus valores. Se a coragem é um valor, se o comprometimento é um valor, eu estou com a consciência tranquila. A única maneira de ficar confortável no desconforto é estar com a consciência tranquila - completou Fernando.

Guerrero e Rodinei em treino do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza

Numa sequência decisiva, derrotas aparecem (como o 2 a 1 para o Atlético-PR fora de casa). Como não há tempo para comemorar, também não há para lamentar. O elenco, portanto, precisa superar mental e fisicamente das vitórias e dos tropeços para diminuir os riscos de lesões, por exemplo.

- Os riscos são calculados. Não são eliminados. Tem sempre a possibilidade de um atleta se machucar, mas eles são minimizados. A principal situação é termos um time representativo com o DNA do Flamengo. Qual o DNA? Ter o controle das ações, um time representativo. Estamos trabalhando gradativamente para que os atletas tenham intensidade mesmo nos momentos adversos. Vai ter momento adverso. Numa quarta ou num domingo você vai perder - explicou Daniel Gonçalves, preparador físico do Flamengo.

Além da Libertadores, foco nesta quarta-feira, o Rubro-Negro ainda tem o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Primeira Liga para brigar por títulos em 2017. O ano será decisivo do começo ao fim. Por isso, a comissão entende que todo cuidado é pouco e não apenas um detalhe.

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