O Boa Esporte cancelou os treinos da equipe na tarde desta terça-feira (25) devido à decisão do Superior Tribunal Federal (STF) de reconduzir o goleiro Bruno para a prisão. No Centro de Treinamentos do clube e no hotel onde os jogadores ficam hospedados, permaneceu o silêncio. Perguntado sobre o assunto, o diretor de futebol do clube, Roberto Moraes, se limitou a dizer: "Pergunta para o advogado dele".
Após pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a medida liminar que soltou o jogador foi revogada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em votação realizada na tarde desta terça-feira (25).
+ STF aceita pedido, revoga liminar, e goleiro Bruno voltará à prisão
Liberado em fevereiro deste ano, o goleiro assinou com o Boa Esporte no dia 13 de março e estreou menos de um mês depois, no dia 8 de abril. Desde então, tem sido titular da equipe na fase final do Módulo 2 e já atuou em cinco partidas, onde sofreu quatro gols.
Após o último jogo da equipe, no último sábado (22), o treinador do Boa Esporte, Julinho Camargo, disse que já estava preparado para a possibilidade de perder Bruno.
- Eu, particularmente, não é que eu não esteja atento à isso, mas a minha preocupação é o campo, é o treino, é o jogo. É tão difícil fazer um jogo, que essas situações extra-campo não cabe a mim comentar. O que vai acontecer, só no futuro, a gente vai saber. Enquanto a gente tem o Bruno aqui, ele está fazendo bons jogos. No último jogo ele foi bem, agora de novo, fez uma partida boa. O Luan também está treinando muito bem, o Kevin [terceiro goleiro]. A gente está bem servido. O Aranha é um bom treinador. A gente conta muito com o Bruno, pela excelência dele, mas hoje a gente vê, a gente teve o desfalque do Felipe, do Léo Baiano, coitado, teve que entrar no finalzinho do jogo, com dor, com dificuldade. A gente sacrifica um pouco o jogador, mas é importante que a gente ganhe.
Ainda conforme o treinador, caso Bruno tenha que voltar à prisão, Luan Polli deverá voltar à posição de titular.
- Luan naturalmente é o segundo goleiro. E o natural, caso o Bruno tenha alguma situação que não possa jogar, é entrar o Luan - completou o treinador.
A defesa do jogador ainda não se manifestou sobre a decisão do STF.
Andamento do caso
Bruno foi preso em 2010 e, três anos depois, condenado a 22 anos e 3
meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio
e por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Liberado em
fevereiro deste ano, o goleiro assinou com o Boa Esporte no dia 13 de
março e estreou menos de um mês depois, no dia 8 de abril. Desde então,
tem sido titular da equipe na fase final do Módulo 2 e já atuou em cinco
partidas.
O caso estava inicialmente com o ministro Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo em janeiro. Por se tratar de uma medida de caráter urgente (pedido de liberdade a alguém preso sem condenação definitiva), a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, havia encaminhado o caso ao ministro Marco Aurélio Mello, que determinou a soltura de Bruno. No entanto, com a chegada de Alexandre de Moraes para a vaga de Zavascki, o novo ministro herdou a maioria dos processos, incluindo o de Bruno.
Sobre o pedido de Janot, o advogado Lúcio Adolfo, que representa Bruno, afirmou por meio de nota emitida na última quinta-feira (20) que não contribuiu para a demora do processo e que cumpriu todos os prazos previstos em lei. O defensor questionou o entendimento do procurador sobre o andamento processual.
"Se não causa espanto ao procurador a demora de mais de quatro anos para não julgar uma apelação quando Bruno Fernandes estava preso, a este advogado causa espanto a subida aceleração quando ele foi solto", afirmou. A defesa destacou ainda que, após a liberdade, Bruno não colocou em risco a ordem pública e começou a trabalhar imediatamente.
Absolvição por corrupção de menor
Na última
quarta-feira (19), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG)
manteve a absolvição de Bruno pelo crime de corrupção de menor. A
decisão do TJ-MG mantém a sentença da juíza Marixa Rodrigues que
absolveu os réus em referência à participação do primo do goleiro, Jorge
Luiz Rosa, na época com 17 anos, no crime. Ele confessou ter
participado do sequestro e cárcere privado de Eliza Samúdio.