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Por GloboEsporte.com — São Paulo


Um dos pontos investigados por Michael Garcia em seu relatório divulgado na íntegra pela Fifa nesta terça-feira foi o amistoso entre Brasil e Argentina, disputado em Doha, em 17 de novembro de 2010, menos de um mês antes da votação que daria ao país do Oriente Médio o direito de ser sede da Copa de 2022. O documento avalia que foram "excessivas" as benesses oferecidas a Ricardo Teixeira, então presidente da CBF e integrante do Comitê Executivo da Fifa ––portanto uma das 24 pessoas que participaria da escolha da sede da Copa.

De acordo com o relatório, Teixeira recebeu tratamento "top vip" e se hospedou por quatro noites na suíte presidencial do hotel Four Seasons, em Doha, que tem até praia particular. O custo da diária foi de US$ 5.490, pagos pela candidatura do Catar a sede do Mundial de 2022. O valor era 18 vezes mais que a de Messi e 30 vezes a de Robinho.

– Em contraste, os jogadores de futebol Lionel Messi da Argentina e Robinho do Brasil permaneceram em quartos com taxas diárias de custaram cerca de US$ 305 e US$ 183.

Hotel Four Seasons em Doha, no Catar — Foto: Reprodução do site oficial do Hotel Four Seasons

O relatório diz ainda que os US$ 22 mil em diárias de hotel não incluíram as despesas adicionais para refeições e outros serviços.

– Vários recibos, incluindo faturas de lavanderia para lavar roupa, confirmam que alguns dos custos do hotel estão relacionados às acomodações para a família de Teixeira. Veículos de luxo variados transportaram o Sr. Teixeira por Doha, e um Mercedes classe S com motorista foi fornecido especificamente para a esposa do Sr. Teixeira.

O relatório conclui ainda que todas as despesas da delegação brasileira (jogadores, comissão técnica etc.) foram pagos pelos organizadores do jogo. Exceto os custos de Teixeira e sua família, cujas despesas foram pagas pela candidatura do Catar a sede da Copa de 2022.

Ricardo Teixeira deixou a presidência da CBF em março de 2012, acossado por denúncias de corrupção dentro e fora do Brasil. Ele também renunciou a seus cargos nos Comitês Executivos da Conmebol e da Fifa. Em dezembro de 2015, ele foi indiciado no "Caso Fifa", que corre no Tribunal Federal do Brooklyn em Nova York.

Procurado, seu advogado afirmou ao GloboEsporte.com que iria ler o relatório tornado público pela Fifa antes de se pronunciar a respeito. Procurada, a CBF ainda não se manifestou.

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