Por Arthur Guimarães e Cristina Boeckel, RJTV e G1 Rio


PF recolhe 15 joias no apartamento da irmã de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral

PF recolhe 15 joias no apartamento da irmã de Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral

A Polícia Federal apreendeu pelo menos 15 joias em endereço ligados a Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), na manhã desta sexta-feira (23). A ação é um aprofundamento da Lava Jato. O objetivo da operação era localizar 149 de um total de 189 joias que teriam sido compradas para lavar dinheiro de corrupção.

Os agentes vasculharam o apartamento da cunhada do ex-governador, em Ipanema, Zona Sul do Rio, por mais ou menos uma hora e meia. Foi a própria Nusia Ancelmo quem recebeu os policiais federais. A PF já sabe que algumas joias apreendidas foram compradas por Adriana e teriam sido dadas de presente a uma sobrinha, filha de Nusia.

Agora, os agentes querem descobrir se as outras também pertencem à ex-primeira-dama ou se são da irmã dela, mas foram pagas com dinheiro da propina.

Nusia era funcionária do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), de onde pediu exoneração em dezembro do ano passado. Ela era lotada, desde 2010, no gabinete do conselheiro Aloysio Neves Guedes, que foi eleito presidente do TCE. A irmã de Adriana Ancelmo tinha um salário bruto de R$ 17,2 mil.

Joias apreendidas na manhã desta sexta-feira na casa de Nusia — Foto: Reprodução

Os agentes também fizeram buscas no apartamento onde vive a ex-governanta de Adriana, Gilda Maria de Souza Vieira da Silva, na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico.

De acordo com o Jornal Hoje, a Polícia Civil recebeu informações de que a ex-governanta do casal esteve em uma das joalherias da qual os patrões eram clientes e deixou uma pulseira para avaliação. A Polícia Civil avisou à PF. Essa semana, Gilda apresentou versões contraditórias sobre a origem da joia.

Joia apreendida no apartamento da irmã de Adriana Ancelmo em Ipanema — Foto: Reprodução

Além da pulseira, ela entregou à polícia um par de brincos, que seriam da ex-primeira-dama. Os policiais não encontraram nada no apartamento dela, mas a busca continua.

Se o ex-governador e Adriana Ancelmo forem condenados, as joias apreendidas serão leiloadas e o dinheiro será devolvido aos cofres públicos.

Agentes fazem buscas em prédio em Ipanema — Foto: Paulo Mário Martins / TV Globo

Ex-governador está preso há 7 meses

Cabral está preso desde novembro do ano passado, quando foi alvo da Operação Calicute. Até então, as investigações tinham levado à apreensão de 40 joias no apartamento do ex-governador, que foram avaliadas em R$ 2 milhões.

Segundo as investigações, joias e pedras preciosas compradas pelo casal são, sim, prova de crime. Adriana e Sérgio gastaram mais de R$ 11 milhões em joalherias, e a maioria das peças ainda não foi encontrada.

Policiais chegaram por volta das 6h ao prédio na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico — Foto: Cristina Boeckel / G1

Adriana chegou a ser presa em dezembro do ano passado, por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. No despacho, o magistrado citou o fato de 149 das 189 joias que foram compradas pelo casal não terem sido localizadas como um dos motivos para a prisão.

"Embora as investigações tenham identificado registros nas joalherias investigadas de que Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo adquiriram pelo menos 189 joias desde o ano 2000, somente 40 peças foram apreendidas pela Polícia Federal por ocasião das buscas e apreensões, as quais foram encontradas no cofre do quarto da residência do casal", afirmou o magistrado.

A ex-primeira-dama ganhou o direito a cumprir prisão domiciliar no fim de março. Desde então, ela está no apartamento no Leblon onde vivia com o ex-governador.

Joias aprendidas na época da prisão de Adriana Ancelmo e Sérgio Cabral. A maioria das peças continua desaparecida — Foto: Fantástico

Outro processo

Neste mês, Adriana foi absolvida pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba, em processo sobre lavagem de dinheiro e corrupção. O Ministério Público diz que vai recorrer e já apresentou nova denúncia.

Nessa ação, o marido de Adriana foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão por ter usado o cargo de governador para pedir e receber vantagem indevida. Segundo a sentença, o grupo comandado por ele recebeu propina do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão. Cabral recebeu R$ 2,7 milhões do esquema.

Segundo Moro, não havia prova suficiente de autoria ou participação de Adriana Ancelmo nesse esquema. "Ela beneficiou-se da propina, pois utilizou os recursos provenientes da corrupção para aquisição de bens." Mas, ainda de acordo com o juiz, a ex-primeira-dama disse que não cuidava das compras e que a responsabilidade foi assumida por Cabral. Na denúncia que deu origem a esse processo, investigadores apresentaram notas de compras de móveis de escritório, vestidos de festas e ternos.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1