TIMES

Por Martín Fernandez — Moscou, Rússia

Carl Recine/Reuters

O último ato de Iniesta antes de se despedir para sempre da Copa do Mundo – que ironia triste – foi mandar uma bola para as redes. Com a tranquilidade que sempre demonstrou em campo, o camisa 6 bateu o primeiro pênalti na série que terminaria por eliminar a Espanha e classificar a Rússia para as quartas de final. No fim, a cobrança perfeita de Iniesta foi tão inútil quanto os 1.137 passes que a Espanha trocou ao longo de 120 minutos de futebol.

- É o dia mais triste da minha carreira - afirmou o meia após a eliminação precoce.

Iniesta anuncia saída da seleção espanhola: "Nem todas as despedidas são como gostaria"

Iniesta anuncia saída da seleção espanhola: "Nem todas as despedidas são como gostaria"

O maior jogador da história do futebol espanhol, autor do gol que fez da Espanha uma campeã mundial em 2010, se despediu do Mundial aos 34 anos. Ao final da temporada passada, já havia encerrado sua passagem pelo Barcelona. Vai terminar a carreira no Vissel Kobe, do Japão.

- É uma realidade que é meu último jogo com a seleção. É o fim de uma etapa maravilhosa. Os finais nem sempre são como se sonha. O técnico toma decisões independentemente de entendê-las ou não. A seleção continuará avançando porque os jogadores são de alto nível - disse Iniesta, que já foi homenageado pela Federação Espanhola pelo Twitter.

Mas sua despedida não poderia ter sido mais melancólica. Titular nas três primeiras partidas da Espanha da Copa do Mundo, Iniesta foi tirado do time pelo técnico improvisado Fernando Hierro. Durante 67 minutos, a Espanha prescindiu dos passes perfeitos e da inteligência de Iniesta. O craque assistiu do banco de reservas a uma exibição opaca e tediosa de sua seleção. A Espanha trocava passes sem nenhum objetivo, enquanto a Rússia confortavelmente se defendia.

Nem a entrada do craque mudou o panorama da partida, embora seja justo atribuir a eles os melhores lances da Espanha no final do segundo tempo e na prorrogação. Antes de tocar a bola, Iniesta já tentava fazer o time jogar: pedia a Isco que avançasse com a bola, orientava Piqué sobre as melhores opções de passe.

Iniesta disputa lance com Mario Fernandes na partida contra a Rússia — Foto: Victor R. Caivano/AP

Quando recebia, devolvia de primeira, tentava tirar o time da letargia em que estava metido desde o início do jogo. Quando não recebia, esticava o braço para baixo, a mão espalmada apontando para os próprios pés: "Aqui". Quando tentou tabelar com Diego Costa, deu um passe perfeito e recebeu de volta um pedido de desculpas. O mesmo com Iago Aspas.

De uma posição privilegiada no gramado, viu Koke errar passes fáceis e deve ter morrido de saudade de Xavi, o antigo dono daquela camisa 8. No fim do segundo tempo, acertou o chute mais perigoso que a Espanha conseguiu dar em 120 minutos de futebol. Foi parado por Akinfeev, o héroi da tarde em Moscou.

Que isso! Iniesta arrisca de longe, Akinfeev espalma e Aspas chuta pra fora aos 39 do 2º

Que isso! Iniesta arrisca de longe, Akinfeev espalma e Aspas chuta pra fora aos 39 do 2º

Em sua última temporada pelo Barcelona, Iniesta foi aplaudido de pé por todos os estádios por onde passou, em grande parte por causa daquele gol contra a Holanda em Johanesburgo em 2010. Atordoado pela euforia gerada pela classificação inesperada para as quartas de final da Copa, o Lujniki não percebeu que se despedia de um dos maiores jogadores de futebol da história.

Sergio Ramos consola Iniesta após eliminação — Foto: Carl Recine/Reuters

Mais do ge