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Acusado de matar jovens, ex-investigador é levado a júri popular em Ribeirão Preto

Acusado de matar jovens, ex-investigador é levado a júri popular em Ribeirão Preto

Começa nesta segunda-feira (10), em Ribeirão Preto (SP), o júri popular do ex-investigador Ricardo José Guimarães, acusado de chefiar um grupo de extermínio formado por policiais civis e militares, que fez ao menos 70 vítimas entre 1996 e 2004.

O ex-agente é suspeito de 12 homicídios, mas, está sendo julgado agora pelas mortes de Anderson Luiz de Souza e Enock de Oliveira Moura, de 15 e 18 anos, em maio de 1996, em frente a um bar no Parque Avelino Palma, em Ribeirão.

Souza e Oliveira eram suspeitos de ameaçar um homem de morte dentro de um comércio no bairro onde foram mortos. Na versão do policial, os jovens resistiram à prisão e foram baleados durante troca de tiros.

Entretanto, a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo encontrou evidências de execução, já que as vítimas foram atingidas por 18 tiros, e denunciou o ex-policial, além dos investigadores Pedro Moretti Júnior e Fernando Carrion Serrano, e o delegado aposentado Sérgio Salvador Siqueira.

O julgamento começou pouco depois das 10h e deve durar dois dias, segundo o promotor do caso, Marcus Túlio Nicolino. Nesta segunda-feira serão ouvidas quatro testemunhas de acusação e duas de defesa.

Após fugir do presídio da Policia Civil e ficar escondido por três anos no Chile, no Paraguai e na Argentina, Guimarães foi preso em 2007 e permanece na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé (SP).

O ex-investigador da Polícia Civil Ricardo José Guimarães — Foto: Reprodução

Recursos

O advogado César Augusto Moreira chegou a pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que transferisse o júri para a capital paulista, alegando que não haveria imparcialidade na decisão dos jurados, caso fosse realizado em Ribeirão Preto.

Entretanto, a sexta turma do STJ manteve o julgamento na comarca de origem do processo, alegando que esse tipo de mudança é excepcional e que é direito dos habitantes julgar os crimes dolosos contra a vida cometidos na sua cidade.

A defesa também pediu à Justiça o desmembramento do júri: o ex-investigador seria julgado com os investigadores Pedro Moretti Júnior e Fernando Carrion Serrano, e o delegado Sérgio Salvador Siqueira, acusados de integrar o mesmo grupo de extermínio.

O pedido foi acatado pela juíza Isabel Cristina Alonso Bezerra dos Santos, da 2ª Vara do Júri e de Execuções Criminais, que considerou a alegação de que o número elevado de testemunhas a serem ouvidas prejudicaria o tempo de debate entre defesa e acusação.

Ao Jornal da EPTV, o advogado Said Hallah, que defende Moretti Junior e Serrano, afirmou que vai se manifestar apenas no plenário do júri.

O advogado do delegado aposentado, Sebastião Marcos Guimarães Arantes, também não quis comentar o desmembramento do processo.

Ricardo José Guimarães é acusado de matar dois jovens no Parque Avelino Palma em 1996 — Foto: Reprodução/EPTV

Outros crimes

Após esse julgamento, Guimarães enfrentará outro júri popular em 18 de julho, pela acusação de matar Thiago Xavier de Stefani, de 21 anos, com dois tiros na cabeça, no Jardim Independência, em Ribeirão, em 2003.

Um terceiro tribunal do júri está marcado para 17 de agosto, quando o ex-investigador da Polícia Civil será julgado pela morte de dois policiais gaúchos em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai.

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