• Texto: João Mathias - Consultor: Luiz Carlos Machado*
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minicoelho (Foto: Thinkstock)

Como seus pares maiores o minicoelho é inteligente e pode ser facilmente adestrado (Foto: Thinkstock)

Se é fácil se encantar com a graça e a delicadeza dos movimentos de um coelho, apaixonar-se pela sua miniatura é um ato instantâneo. Peludo, de cores variadas, dócil e amigável como a versão convencional, o minicoelho é ainda mais cativante pelo tamanho pequeno. O peso de um exemplar adulto não ultrapassa 2,5 quilos, enquanto o anão, uma variedade de proporções mais reduzidas, chega a apenas 1,5 quilo.

Como seus pares maiores, o minicoelho não faz barulho, é inteligente e pode ser facilmente adestrado para viver em ambiente doméstico, sendo mais uma opção de animal de estimação cuja  demanda vem aumentando no mercado. Sem apresentar dificuldades no manejo e poucos gastos com ração são, também, vantagens da lida com o minimamífero em comparação às criações de porte médio e grande.

Para o criador comercial, a boa procura pelos minicoelhos, aliada ao valor entre R$ 100 e R$ 400 de cada animal, permite a realização de lucros com o empreendimento. O retorno financeiro ainda pode aumentar considerando a possibilidade de vender produtos agregados à atividade, como gaiolas, brinquedos e roupas, ou oferecer serviços específicos como tosa.

Quem conhece bem a rotina da criação diz que há uma tendência natural de o empreendimento avançar para uma especialização. Isso mesmo entre os produtores que, para a implantação inicial de um coelhário, adaptam uma área ociosa no fundo do quintal. Sem necessidade de muito espaço, os minicoelhos se alojam adequadamente em instalações montadas com materiais de sobra de construção ou existentes na propriedade.

No entanto, é preciso contar com um ambiente tranquilo e temperatura amena, pois coelhos não suportam o calor. Locais muito quentes podem até afetar a fertilidade desses mamíferos, que são excelentes reprodutores. Por outro lado, correntes de ar e umidade elevada são condições para o surgimento de doenças respiratórias.

O acompanhamento de um profissional é importante para assegurar o manejo correto. Contudo, a capacitação do novo cunicultor é necessária para seu desenvolvimento profissional, adquirindo habilidades para venda e relacionamento com o cliente. No segmento pet (animal de estimação), tornou-se comum a prática do comércio via internet, o que exige do investidor familiaridade com as ferramentas da tecnologia.

O maior peso nos custos da criação de minicoelhos, variando de 60% a 70% do total, corresponde à alimentação. Porém, o consumo diário de 70 gramas é o suficiente para o desenvolvimento dos pequenos roedores. Mesmo assim, é possível fornecer refeições mais baratas produzindo no local vegetais que eles gostam de comer.

linha branca (Foto: d.)

Onde adquirir: a Associação Científica Brasileira de Cunicultura (ACBC), Rod. Bambuí-Medeiros, Km 05, Zona Rural, CEP 38900-000, Bambuí (MG), tel. (37) 3431-4964, www.acbc.org.br, fornece dados sobre criadores de coelhos

Mais informações: Canal Dr. Cuni

"O retorno financeiro ainda pode aumentar considerando a possibilidade de vender produtos agregados à atividade, como gaiolas e brinquedos"

Mãos à obra
>>> INÍCIO Com cautela, deixando a criação aumentar conforme ganha-se experiência na atividade, é a principal dica para investir em cunicultura. Então, não adquira muitos animais de uma só vez e, aos poucos, conheça as raças que melhor atendem à demanda local. Faça cursos sobre manejo, visite granjas e converse com cunicultores. Além de fornecer dicas, podem ser parceiros de iniciativas para reduzir custos, como a compra coletiva de ração. A aquisição de exemplares deve ser somente de criadores com referência. Animais de instituições de ensino e pesquisa são boas opções, por serem baratos e de boa qualidade.

>>> AMBIENTE De tranquilidade e, preferencialmente, com temperatura média anual de 21 ºC é o mais adequado para o desenvolvimento dos minicoelhos. Recomenda-se também que seja iluminado e arejado, mas com proteção para rajadas de vento e predadores.

>>> INSTALAÇÕES Não precisam ser sofisticadas. Se tiver um cômodo em desuso, faça adaptações para acomodar as gaiolas. Para construir um pequeno galpão, escolha a posição leste-oeste e erga um pé-direito com, no mínimo, 3 metros de altura, para favorecer a ventilação. Telhas de barro servem para a cobertura, e nas laterais podem ser utilizadas muretas de 50 centímetros de altura, com o restante fechado por tela. O uso de cortinas anexas ajuda no controle de calor, frio e iluminação solar.

>>> GAIOLAS De diversos tipos podem ser adotadas para o alojamento dos animais. As de madeira, e até as usadas, são um meio de tornar a atividade mais barata. No varejo especializado, há disponíveis as de arame galvanizado, com bandejas no fundo para limpeza de dejetos e restos de alimentos. Em geral, têm medidas de 60 x 60 x 40 centímetros.

>>> ACESSÓRIOS Incluem comedouros e bebedouros feitos de diferentes materiais, sendo a cumbuca de barro uma das opções de menor valor. Os bebedouros automáticos tipo chupeta, no entanto, são melhores pelo lado sanitário e de manejo. Para o período de reprodução, há necessidade de ninhos com, pelo menos, 30 x 25 x 15 centímetros.

>>> CUIDADOS Com a higiene do galpão e das gaiolas contribuem para a saúde da criação. Limpe diariamente as instalações para evitar riscos de contaminação de doenças. Uma prática adotada por coelhários é a aplicação mensal de lança-chamas.

>>> ALIMENTAÇÃO De boa qualidade pode ser servida à vontade, mas sem exagero, para não provocar obesidade nos minicoelhos. Além de rações balanceadas, como complemento podem ser fornecidas hortaliças, ramas de batata-doce, gramíneas e feno, que é recomendado sem restrição quanto à quantidade. Mantenha à disposição dos animais água limpa e fresca.

>>> REPRODUÇÃO Por matriz é de quatro filhotes a cada dois a três partos por ano. Nascem após 31 dias de gestação e são mantidos em um ninho feito de pelos que a mãe arranca do próprio ventre. A partir dos 35 dias, quando são desmamados, os láparos estão prontos para ser comercializados.

Como Criar (Foto:  )

Foto: © thinkstock

*Matéria originalmente publicada em fevereiro de 2018 na edição 388 da revista Globo Rural.