Edição do dia 11/10/2017

11/10/2017 23h43 - Atualizado em 12/10/2017 00h11

Jovens organizam festas para ter diversão nas periferias

Muitos sofrem com a falta de opções de lazer nas periferias.
Baile funk é diversão e também uma oportunidade para ganhar dinheiro.

Muitos moradores das periferias de grandes cidades dizem não ter opções de lazer. Alguns se juntam para organizar festas e garantir a diversão dentro de suas comunidades. Há também projetos que estimulam a cultura nesses locais.

Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, é uma das maiores favelas do Brasil, com mais de 50 mil moradores. Existem vários projetos culturais na comunidade, entre eles, o Lá da Favelinha, onde jovens têm oficinas gratuitas de dança, moda, arte, idiomas e música.

Johnathan Gomes é professor de funk e dá aula de passinho: “É o passinho que veio do Rio de Janeiro e a gente passa pra criançada, porque é uma cultura nossa de favela mesmo. Mas tem uma resistência dos pais deixarem eles irem no baile funk, porque muitas vezes tem violência”.

Em julho, um adolescente de 14 anos morreu e três pessoas ficaram feridas em um tiroteio. Desde então, o baile de Aglomerado da Serra acontece com o alvará da Prefeitura. Como acontece nas ruas, é polêmico: tem quem goste e quem recrimine a festa.

Violência x diversão
Ceilândia é a região mais violenta do Distrito Federal. São 490 mil moradores e esse ano já foram registrados 35 homicídios. Os moradores têm medo, dizem não ter opção de lazer e alguns jovens dizem que ir para igreja é a única forma de se divertir.

PREP lazer periferia (Foto: TV Globo)

Algumas pessoas estão tentando mudar essa realidade. Há, por exemplo, um sarau organizado só por mulheres. “Por conta desse sarau, tá vindo muitas mulheres, compositoras, pessoas incríveis daqui da comunidade e pessoas de fora também”, conta Daniela Vieira, cantora e compositora.

Depois do sarau, algumas pessoas seguem para outra festa, no quintal da casa de um morador, Thiago Alexandre. Ele cobra uma entrada simbólica no valor de R$ 3. “Comecei a fazer essa festa porque não tinha rolê underground na Ceilândia. É um lugar pra galera jovem poder curtir e não precisar sair daqui pra curtir em Brasília”, afirma.

Em outro lugar, três jovens também organizam uma festa. “Aqui não tem nenhum envolvimento do governo para divulgação nem nada do tipo. Somos nós que organizamos, divulgamos na internet, nas redes sociais”, conta o dançarino Moisés Emanuel Silva. “Um amigo tem um notebook, outro tem um controlador, outro tem um som. A gente junta e consegue fazer o evento”, conta a DJ Yanka.

Rolezinhos
Em 2014, quando os ‘rolezinhos’ explodiram em São Paulo, Jonathan David, o MC Chaveirinho, era celebridade na Zona Leste e presidia a Associação dos Rolezinhos. Quatro anos depois, ele diz que muita coisa mudou: “Casei, tive filha, mas o que não muda é nossa vontade do funk. Naquela época, eu fazia uma média de 12 shows por mês e sustentava minha família assim. Hoje, faço uns quatro e, além de MC, sou caminhoneiro”.

Kaíque Alves também era famoso na fase dos ‘rolezinhos’. Naquela época, ele trabalhava em um pequeno estúdio na Zona Norte de São Paulo como fotógrafo dos MCs. Logo depois, ele foi chamado para trabalhar na KondZilla, produtoras de videoclipes. Hoje, ele dirige os principais nomes do funk em vídeos que chegam a ter mais de 310 milhões de visualizações.

PREP lazer nas periferias (Foto: TV Globo )

“Os jovens da periferia recorrem ao pancadão e às tabacarias por falta de estrutura de lazer e cultura. A tabacaria é o novo tipo de ‘point’ pra moleada encostar, fumar um narguile, beber alguma coisa, se divertir, beijar na boca. É esse o novo hobby da periferia”, afirma Darlan Mendes, produtor de eventos.

Os encontros entre jovens continuam acontecendo. Na Praça da 67, no Jardim Robru, na Zona Lesta de São Paulo, por exemplo, cerca de dois mil jovens se reúnem aos domingos, segundo Darlan. Eles bebem e fumam narguile. Mas muitas vezes são dispersados pela polícia, que chega jogando bombas. Em nota, a Polícia Militar de São Paulo disse que recebe diversas reclamações de perturbação de sossego na região e que realiza ações para coibir os pancadões para assegurar o direito de ir e vir dos moradores.

Veja mais sobre a diversão nas periferias no vídeo acima.

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